Seguidores

Recanto das letras

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

MILAGRE DE ANO NOVO

      
      No céu os fogos pipocam, os clarões são tão fortes e ininterruptos que cegam o menino, ele encantado olha para tudo, não acreditando no que está presenciando.
      Pessoas a passar de um lado para outro, lojas cheias, todos sorriem carregando seus pacotes, bares e restaurantes iluminados, famílias brindam, comem, se abraçam, é meia noite, o novo ano começa.
      E, assim como por encanto, tudo silencia, as ruas ficam desertas, os neons aos poucos vão sendo apagados, e o silêncio fantasmagórico envolve o menino, que em seu desamparo, mais parece um espectro.
       Roupas sujas, rasgadas, olhos no fundo, a fome e a sede já são uma constante em sua vida, sem ter onde dormir, se acomoda embaixo de uma escada, sabe que não pode voltar para casa, ali vai passar a entrada do ano novo, vai ouvir os risos, os cantos, os cumprimentos, sentir o cheirinho de comida e se imaginar numa destas festas, como um dos convidados.
        Neste momento, ouve passos na calçada, um casal se aproxima, os dois conversam animadamente, ao passarem pelo menino, algo cai do bolso do homem, o menino estende a mão e pega, atônito, vê que tem nas mãos uma carteira, instintivamente, se levanta e corre atrás do homem, entregando-lhe o achado, sem nem ver o que havia em seu interior.
           Quando o homem se vira, ao ser chamado, o menino se surpreende, teve a nítida impressão de conhecê-lo, já o vira em algum lugar sim, talvez em suas orações ou em seus sonhos, quem sabe. “Estranho, pensou, devem ser meus olhos, Ele parece brilhar”, sorrindo com ternura, o homem, abre a carteira, retira todo o dinheiro de seu interior e o estende ao menino, que está como que paralisado, o casal, sem pronunciar uma palavra sequer, rapidamente se afasta.
            O menino corre pela noite em direção a sua casa, quando ofegante, chega á vila pobre onde sua família mora, abre a porta, em volta da mesa vazia, sua mãe e os irmãos, oram, ainda ouve um pouco da oração que com fé a mãe diz, “Senhor abençoa este lar, mas principalmente Pai, protege meu filho mais velho que nesta noite deve estar pelas ruas solitário, tentando conseguir o pão para mim e os irmãos, não o abandone Pai...”
             O menino, com lágrimas nos olhos, emocionado ante aquela demonstração de amor e afeto por ele, abraça a mãe com carinho, estende-lhe seu tesouro e diz...
              Veja mãe... ELE te ouviu...
          
        Lani

       AOS AMIGOS DESEJO MUITA PAZ, AMOR E SAÚDE PARA O NOVO ANO
E QUE AS BENÇÃOS DO PAI SEJA  UMA CONSTANTE NA VIDA DE CADA UM.

        

sábado, 24 de dezembro de 2011

REENCONTRO DE NATAL


      
      Para cada janela aberta que olhava, se encantava com a profusão de luzes, vozes se elevando, ouvia os cumprimentos de “feliz natal”, das árvores enfeitadas ao menos a pontinha ela vislumbrava.
     Ficar feliz pensou, só pelo recém nascido que trazia em seus braços, aconchegado, seu único bem, que dormia como um anjo, como se soubesse estar protegido e ser muito amado.
     A rua deserta, a noite alta, lhe dava temor, principalmente pelo tesouro que carregava, ao qual defenderia com a vida, tal era por ele seu amor.
     Sentou-se, desanimada, sentindo o frio da noite, vencida pela fraqueza do parto recente, adormeceu e sonhou...
     Um velinho de roupa vermelha, barba branca, dela se aproximou, tirou delicadamente o bebe de seus braços, ela num esforço supremo tentou segurar o filho, mas o sorriso terno do homem, a venceu, ela se entregou, ele em seus braços a amparou.
     Ao voltar a si, muito tempo depois, estava em uma cama quente, na lareira o fogo ardia, dando um aspecto mágico ao lugar, o bebê ao seu lado tranqüilo, dormia, tentou se levantar precisava saber quem a socorrera, de uma coisa estava certa, não fora um sonho o que lhe acontecera.
     Pela roupa de papai Noel, dependurada no cabide, entendeu, havia sido salva por alguém que se vestia de papai Noel nesta época do ano, para ganhar um dinheiro a mais, ou quem sabe só pelo prazer de ver o sorriso no rosto das crianças, pensou...
     A custo, se levantou, acompanhou o cheirinho do café, e ao entrar na cozinha, parou...
Sentado, alcançando-lhe uma xícara de café fumegante... Seu pai, que ha muitos anos não via.
     Os dois se abraçaram, não havia nada a dizer... Não havia nada a cobrar...
     Na magia daquele momento, não perceberam, que no quarto, um anjinho em sua inocência, como que, abençoando aquele encontro...  Sorria...
    
     Lani

     QUERIDOS AMIGOS, QUE AS BENÇÃOS DE DEUS ESTEJAM NAS VIDAS DE CADA UM NESTA NOITE DE NATAL E EM TODAS AS OUTRAS DO ANO NOVO.
    ABRÇS 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O VÍDEO (QUE NÃO SALVOU)


     Quando te vi ali, pequenino,
     Inerte jogado ao chão,
     Deu-me profunda tristeza,
     Mas aliviou-me o coração...

     O vídeo, para ti não serviu,
     Acabaste morrendo, igual,
     Espero que tua morte sirva,
     Para salvar outro animal...

     Irracional, foi quem te judiou,
     Te jogou ao chão, tripudiou,
     E nem por um momento,
     Se arrependeu, e no colo te aconchegou...

     Se tivesse te olhado nos olhos,
     Talvez, quem sabe, parasse,
     Veria toda a tristeza e decepção,
     Pois foi nela que confiaste...

     E tu ali, tão frágil, sofrendo,
     Sendo morto, em frente a uma criança,
     Que cresceria contigo,
     Não fosse filha...Da violência...

    Lani

                   -Fiz este poema em repúdio a tortura e morte do
Cãozinho que chocou a todos que o viram e tem um coração.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

PARA TI !

      ESTA POESIA EU FIZ PARA HOMENAGEAR MINHA FILHA,
 PELO SEU ANIVERSÁRIO NESTE DIA16 DE DEZEMBRO, MESMO
ACHANDO QUE MINHAS PALAVRAS SÃO INSUFICIENTES PARA
EXPRESSAR O TANTO DE AMOR QUE A ELA DEDICO.

   INALIZ



Fui bem alto no firmamento,
Esta pequena estrela buscar,
Deus em sua infinita bondade,
Permitiu-me dela cuidar...

Coloquei a estrela flor em meus cabelos,
Ela faceira, começou a brilhar,
Me enfeitando em minha juventude,
E eu ajudando-a, a no céu se equilibrar...

A estrela flor adolescente,
Era um diamante a lapidar,
Cada faceta, muito lentamente,
Foi polida, aumentando assim seu brilhar...

Quando foi chegado o momento,
Num ritual, digno de princesa,
Para enfeitar seus cabelos,
Coloquei-lhe, a flor estrela, com toda delicadeza...


E na sequencia da vida,
A flor estrela que já a mãe enfeitou,
Vai brilhar nos cabelos da filha,
Repleta de carinho e muito amor...

Cultivei a flor estrela,
Para poder agora te entregar,
Com sua luz iluminará teu caminho,
E minha vida, com sua cor enfeitará...

E assim a estrela flor,
Em seu próprio jardim desabrochará,
E quando os botõezinhos abrirem,
Terá então, suas flores, para seus cabelos enfeitar...

Lani
                                                                                                                                                                                                           

domingo, 4 de dezembro de 2011

FLORES CLANDESTINAS


     Foi nesta praça, neste banco,
     Ele lhe deu uma pequena flor,
     Roubou-lhe o primeiro beijo,
     Trocaram juras de amor.

     Jovens, vivendo o encantamento,
     Com toda a intensidade, de cada momento,
     Sem avaliarem as atitudes,
     Se entregando em sua plenitude.

     Duas crianças, que muito se amavam,
     Uniram corpo e alma...  Não pensaram,
     Que destes encontros resultaria,
      Muito sofrimento, muita agonia.

     Enfrentar amigos, a cidade, a família,
     O menino, o que fazer não sabia,
     A barriga agora, aparecia,
     E a menina só, acabrunhada, se escondia,
   
      Num tempo em que só a mulher respondia,
     A culpa era dela, a vergonha a consumia,
     Neste mesmo banco foi encontrada sem vida,
     A menina vitima, da hipocrisia.

     O lugar sempre coberto de flores, na praça da cidadezinha,
     Alguém o mantém assim, de forma clandestina,
     Só ele sabe que é o tumulo da inocente, menina
     Que por muito amar, a vida lhe custaria...

        Lani

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

PÉROLAS DO PASSADO

     Pérolas, caixinha de veludo,
     Coração jovem, acreditando em tudo,
     Cada uma delas seria, um ano,
     De vida juntos, brindando...

     Anos ali, guardando,
     Para ela, muito simbolizando,
     Tudo com ele compartilhando,
     Festa, agora com filhos, juntos, festejando...

     Muito mais pérolas, ele quis lhe dar,
     Mas ela, só queria das dela cuidar,
     Homem maduro, bonito, se afastando,
     E a mágica, sendo vencida... acabando...
    
     Naquele ano, para sua festa, contudo,
     Ao abrir a caixinha de veludo
     As pérolas, brilhavam, molhadas,
     Como se, lágrimas, sobre elas, houvessem sido, derramadas...

     Ao entrar na festa, coração batendo, do peito, quase saltando,
     Como sempre suas pérolas, usando,
     Viu no colo da outra, um colar de pérolas,
     Igualzinho ao dela... Ostentando...

          Lani

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O TELEFONE


     O telefone tocou, acordei assustada,
     Não precisei correr...
     Só tive que atender...  
     Embaixo do travesseiro, como sempre estava.

     Tua voz diferente, no “alô” soava,
     Meu coração cada vez mais, acelerava,
     Foram segundos eternos...
     Respiravas forte, mas, nada falavas...

     O sangue gelou-me nas veias,
     Minhas têmporas pulsando...
     Mãos suadas, tremendo...
     Vistas embaçadas, já com lágrimas correndo...
    
     A madrugada parou, naquele segundo...
     Eu antevendo o fim do mundo...
     Foi quando te ouvi, murmurando...
     -Oi só liguei para te dizer...
     -Que te amo muito... “Mais uma vez...”

      Lani
      

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O NEGRO


Dias há em que me pergunto,
Porque nasci assim,
Se eu fosse diferente;
Todos gostariam de mim.

Se eu sou o negro,
Por um detalhe de pigmentação,
Por dentro sou igual a ela,
Também tenho um coração

Ainda sou discriminada,
Apesar da evolução,
Sou a cor da escrava,
Que amamentou a revolução.

Sou do homem na senzala,
Que sofreu, muito apanhou,
Que foi tirado da pátria, da amada,
Do filho, quase nada lhe restou.

Sou de um povo orgulhoso,
Que para se libertar lutou,
Sou do quilombo dos palmares,
Que nas letras e nas artes, se aprimorou.

Sou do filho desta terra,
Sou irmão de outra cor,
Sou o negro, que ainda luta
Para mostrar que tem valor!


Lani

terça-feira, 15 de novembro de 2011

MÃE NATUREZA

      Mãe extremosa, carinhosa, que a cada manhã acorda o filho em sua cama, que com os raios do sol, beija seu rosto amado, e com cuidado abre a janela, deixando a brisa entrar, para seus pulmões abastecer de ar.
     Mãe, que num ato de amor, dá-lhe a terra fértil, para seus castelos de sonhos construir, e também para cultivar, dá-lhe os rios, que encheu de águas cristalinas, para que possa se banhar, beber, e com o peixe sua alimentação complementar.
     Uma mãe, que tudo dá ao filho, mas que também se decepciona, ao vê-lo sem  cuidado, destruindo, por desleixo, todo seu legado.
     Os raios de sol, pela poluição envenenados, o ar não é mais puro, tendo de ser purificado, e a terra que agora é seca, agredida, desmorona, e o rio quase sem peixes, onde o lixo é depositado.
     E, ela vendo isto se descontrola, manda a enchente, o vendaval, o raio, castiga o filho ingrato, num ato desesperado, impensado, mas que só ela sabe, ser justificado.
     Mas coração de mãe logo se arrepende, e para compensar o filho insano, enfeita a terra, com um Arco Iris deslumbrante, que vai surgindo lentamente, e a chuva mansa, que agora cai suavemente, são lágrimas da tristeza desta mãe, que ante o filho inconsequente, se sente triste, quase impotente...


                Lani  


              AOS MEUS AMIGOS OFEREÇO ESTE TEXTO, ESPERANDO SEUS COMENTÁRIOS, COM MUITO PRAZER E ALEGRIA, SIGNIFICAM MUITO PARA MIM.
                  ABRÇS

          

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O SONHO


     Hoje sonhei que estava no alto,
     De uma montanha sozinha,
     Caminhava, lentamente, a esmo,
     Sem saber ao certo o caminho.

     Não sabia aonde ia,
     Nem o que procurava,
     Mas algo me impelia,
     A continuar a jornada.
  
     Por bosques me embrenhei,
     Em lagos matei minha sede,
     Com o fruto me saciei,
     E com a folha me agasalhei.

     Ao sabor do vento me aventurei,
     Seguindo o caminho das flores me orientei,
     Sob uma frondosa árvore deitei,
     E em minha própria cama, acordei.

     Mas, lembrei, quando me levantava,
     Que no sonho com uma criança, caminhava,
     Ele me beijava o rosto, me dava a pequena mão e me conduzia,
     Será que era Jesus menino, pensando que eu era Maria?

           Lani


      QUERIDOS AMIGOS, ESPERO QUE  GOSTEM, E COMO SEMPRE
DIGO DA IMPORTÂNCIA PARA MIM DE SEUS COMENTÁRIOS,  EU 
OS RECEBO COM MUITO CARINHO.
zilanicelia@gmail.com  

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A MENINA DO SINAL


      Quantas vezes por esta esquina passei, na certa ela lá estava, eu devo tê-la visto, mas nunca verdadeiramente a olhei.
      Hoje ao lhe alcançar a moeda, nossos olhos se encontraram, não sei por que, mas eu a olhei e vi sua mão pequena, suja, machucada, enquanto meus dedos, ela levemente tocava.
     -Sabe tia, falou, “sempre, fico aqui até tarde da noite, porque se não levar dinheiro, não posso entrar em casa.”
     -Minha mãe, coitada, sete filhos, quatro mais novos que eu, tenho oito anos, ela está doente, acho que de fraqueza, não sei.
     -Ontem quando eu ia logo ali, um homem se aproximou de mim, para aquela rua deserta me arrastou, eu gritei muito, ninguém me socorreu, mas quando ele me atacava, alguém se aproximou, nele colocou sua mão, e ele se paralisou, não sei o que houve, mas para casa corri, lá ainda apanhei, meu padrasto não perdoa, se não levar dinheiro não come, apanha e vai dormir com fome.
     -Mas tia, eu jurei, vou estudar, vou ser alguém, e aos meus irmãos, ainda vou salvar.
     Ainda me disse “Eu estou bem, mas acho que não mereço, e também para aquele que me salvou não posso agradecer, eu nem sequer o conheço”.
     Quando me dei conta, o sinal havia aberto, meu carro já andava, e tive plena certeza de que com a menina nenhuma palavra eu trocara.
    “Foi naquele instante, no toque dos dedos, no encontro de nossas almas que o milagre se deu, contou-me toda sua história, só com o olhar, sem nem uma palavra pronunciar, e eu nem pude lhe dizer quem a salvara, e que ela era um anjo, porque com certeza, os anjos sempre são protegidos por Deus...”
 
       Lani     

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A ARVORE DA VIDA


     Estivestes aqui, por minha vida inteira, á tua sombra, de bonecas brinquei, me alfabetizei, de teu fruto comi, meu primeiro romance li, e contigo meus primeiros sonhos dividi.
     Quando eu era pequenina abraçar teu tronco tentava, mas meus braços, tua volta não alcançava, á medida que crescia eu insistia, porque este abraço te dar, eu muito queria.
     Lembro, quando chovia, sob teus frondosos galhos ficava, minha mãe preocupada me chamava, mas eu sabia, que estando ali contigo, nenhum perigo eu corria.
     Hoje, depois de uma vida compartilhada, me dizem que terás que ser cortada, tuas raízes, envelheceram, teu peso não mais suporta, e eu impotente, vou te ver cair, sem vida bem aqui na minha frente.
     E os pássaros que em ti, ano após ano, fizeram seus ninhos, quando vierem para mais uma ninhada não vão te achar, como sempre, ali parada, os esperando, acolhendo, e se sentirão, como eu me sinto agora, como quem perde alguém muito querido, impotente, sem poder fazer, absolutamente nada.
     Foi tua ultima noite, vim te ver agora, bem cedinho, queria fazer só, a minha despedida, obrigada amiga, por tanto tempo, ser minha companheira, não posso ficar  aqui, para ver tua queda derradeira.
     Quem chegar agora dirá que é orvalho, que de teus galhos cai com abundancia, mas eu sei, como eu tu também choras, minhas próprias lágrimas que guardaste contigo, durante nossa vida inteira.   


            Lani


AOS QUERIDOS AMIGOS DEIXO ESTA CRÔNICA, NA SINCERA ESPERANÇA DE QUE GOSTEM, E DEIXEM SEU RECADO.
zilanicelia@gmail.com

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A PROCURA DE DEUS

       Um dia senti que já era hora de achá-lo, com uma mochila nas costas, e muita esperança, parti.
       Minha mãe chorou, meu pai tentou me impedir, mas eu fui, sem nem olhar para trás,eu tinha de procurar.      
      -Vou começar pelo fundo, é lá que ele deve estar, e num submarino, me esgueirei, com ele fui até as profundezas, mas lá não o encontrei.
       Por estradas caminhei, passei fome, medo, cansaço, pelo frio quase me entreguei, mas pela certeza de poder encontrá-lo, a tudo suportei.
       Subi aos Andes, com pedras feri meus pés, e lá no alto cheguei, mesmo quase desfalecendo, sem poder respirar, senti, que era só levantar minha mão, para uma estrela pegar,“é aqui pensei" mas o cansaço me venceu, dormi e me pus a sonhar.
   -Minha mãe em meu sonho estava, e como quando eu era menino, e por ele indagava, colocava o dedo em meu peito, no coração, e pressionando dizia, “é só aqui filho que poderás achá-lo”, eu, criança, não entendia, e em minha procura, persistia, eu precisava muito encontrá-lo.
       Ao acordar, lá no alto, exausto, quase um frangalho, pés feridos, corpo doído, sem estrelas alcançar, minha mão apoiada no peito,enquanto eu dormia,pesava,como quando minha mãe me mostrava e com abnegação, entendi, que não precisava sofrer, ir longe, porque quem eu procurava, sempre esteve comigo, em meu peito, bem aqui... Dentro do meu coração!


Lani

AOS AMIGOS QUE AQUI ESTIVEREM, MEU OBRIGADO, E A CERTEZA QUE VOU VISITÁ-LOS TAMBÉM.
SEU COMENTÁRIO É MUITO IMPORTANTE PARA MIM.
ABRÇS

sábado, 15 de outubro de 2011

AMOR

Inconstante sentimento,
Não sei por que te chamas amor,
Se por ti já vi gente chorar,
Sofrer, sentir muita dor.

Chegas sempre de mansinho,
Mas aos poucos tu tomas conta,
Vais fazendo o que queres,
Lutar contra ti não adianta.

Ás vezes és harmonioso,
Muitas outras avassalador,
Nunca pedes para entrar,
Do coração és o senhor.

Te entregas de corpo e alma,
Quando és correspondido,
A vida segue na calma,
E ninguém nunca sai ferido.

Se, no entanto só um sente,
Não poderás ficar,
Amor tem que ser a dois,
Para nenhum se machucar.

Por isto saia daqui,
Não vou mais me arriscar,
As vezes que te senti,
Fiquei sempre a chorar.

Te suplico, vá embora,
Não quero mais sofrer,
Amor anda, vá logo,
Para eu não me arrepender!


Lani

QUERIDOS AMIGOS, AGRADEÇO DE CORAÇÃO
A ATENÇÃO DE VOCÊS NESTA VISITA DEIXEM
SEMPRE UM RECADO.
ABRÇS

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

FIM DE UM AMOR

Os dois frente a frente, amor acabando,
Tanto tempo juntos,
Relação se deteriorando,
Ele decidido, ela implorando.

Não quer deixá-lo ir embora,
Sabe que amor ainda existe,
Não podem se separar,
É apenas uma crise.

Depois dos filhos criados,
Deveria ter melhorado,
Mas ao se verem sós... Juntos,
Não havia mais assuntos.

E a vida traiçoeira,
Esqueceu de lembrar a ele,
Que nos momentos bons e nos tristes ,
Ela foi, sua companheira.

Os anos passando,
Deixaram seus recados,
Muitas rugas nos olhos,
Cabelos esbranquiçados.

Um coração, fiel, amando,
O outro por outra suspirando,
Mala na mão que dá adeus,
Porta atrás dele, se fechando.

A solidão daquele momento,
Suas entranhas rasgando,
Corpo dobrado, soluçando,
E uma lágrima solitária, de seus olhos rolando...


Lani

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

CACHORRO DE RUA

      Sou eu mesmo, é nesta que vivo, passo fome, maus tratos, noites inteiras caminhando, muitas vezes na chuva, nas outras acho um cantinho, me deito e apesar do frio, durmo, para poder sonhar com minha vida de antes...  Nem sempre vivi assim.
     Nasci numa casa, minha mãe me amamentava, ainda posso sentir o cheirinho de seu leite, tive vários irmãozinhos, brincava muito com eles, á noite nos enroscávamos, e dormíamos quentinhos e quando dava fome, ela estava ali, me alimentava e eu dormia de novo, era tão bom, sinto muita falta disto!
     Eu não tive muita sorte, tenho uma pata mal formada, e quando caminho, sou desengonçado, por isto minha dona vendeu meus irmãozinhos, mas, quem iria querer um cão como eu? (Mas eu juro, se ela tivesse ficado comigo eu faria de tudo por ela).
     Estou sempre á procura de minha mãe, ela não vai me reconhecer de tão sujo e maltratado que estou, mas eu vou, não vão pensar que foi ela quem me colocou no lixo, uma mãe canina, nunca faria isto. Quando nossa dona me pôs e arrancou o carro, eu corri muito atrás, mas com esta pata, não consegui alcançá-las, pela janela, pude ver minha mãe chorando, ir embora para sempre, por isto sei que ela estava triste.
     Na rua tenho vivido, comendo coisas do chão, estou feio, sujo, mas quando uma pessoa se aproxima de mim, eu a olho bem nos olhos, quem sabe alguém vai ver que sou manso e carinhoso, eu gostaria de poder lamber-lhe as mãos para demonstrar isto, mas, eles têm medo de mim, até me chutam para eu me afastar.
     Por isto te peço, se souberes de alguém, que possa me dar uma chance de novo, diga a ele, que eu durmo no pátio, não precisa comprar ração, eu como qualquer coisa, diga também, que não vai se arrepender sou manso, fiel, sou também muito corajoso, vou ser seu amigo para sempre, vou defender a ele e sua família com minha vida se preciso for, diga isso a ele,  por favor...
    

                                                                                          Lani

terça-feira, 4 de outubro de 2011

MÃE GUERREIRA


     E lá vem ela, ferida, machucada,
     Tem na testa, um curativo,
     O corpo doído, com hematomas, todo marcado,
     Não tem como por todos, não ser notado!

     Mas com dignidade, e cabeça alta,
     Ela vem, enfrentando a ribalta,
     É a artista, a malabarista,
     Se apresentando, no palco da vida.
 
     Quem a vê, hoje na rua, altiva, não compreende,
     Como pode andar assim, depois do acontecido,
     Junto com ele, novamente,
     Se seus gritos na noite doeram, a quem somente os tenha ouvido?

     Pode- se ver que ainda é jovem, e até bonita,
     Enfrentando esta desdita,
     Caminhando ao lado do homem,
     Que ontem á noite lhe causou tanta ferida.

     Na alma e no corpo, está machucada,
     As mágoas, do corpo serão curadas, mas as da alma ficarão para sempre,
     Pois quem lhe causou tanta dor, não foi ele...
     Foi quem ela carregou, por nove meses no ventre!

     Era o filho, viciado, das drogas dependente,
     Que na noite a havia agredido...
     Mas, vai lutar, se preciso for, para sempre,
     Para curar seu filho, para ela um doente!

     Sabe que ainda passará, por isto de novo,
     No dia seguinte, com vergonha, enfrentará o povo,
     Não permitirá que seu filho, seja mais uma estatística,
     E dele ver tirar uma bala do peito, para exame de balística!


                                                                                  Lani

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ATRÁS DAS GRADES


      Na calada da noite, envolvida pelo silêncio absoluto, corpo em frangalhos, coração despedaçado, só ouve os próprios soluços.
    Sua cabeça martelando, o tempo lentamente passando, seu peito arfando, e ela revivendo aquele momento, que não lhe sai do pensamento.
     Pensou em sua vida, sangrou a ferida, como ha tanto tempo fazia, noite após noite, numa autopunição atroz, sem trégua, sem piedade, sem guarida.
     O estampido em seus ouvidos ainda zunia, ele em sua frente, no chão, morria, a seus pés, como sempre sonhara vê-lo, por ela sofrendo, mas que fosse por amor.
     Quando o sangue jorrou, sobre ele se atirou e pedindo perdão, implorou.
     Seu último suspiro foi em seus braços.
     Sua cabeça descansou em seu regaço.
     Suas mãos entre as suas colocou.
     Seus olhos rasos de lágrimas, ele também chorou...
     Esta imagem não lhe sai do pensamento.
     Porque ele chorou naquele momento?
     Ela o viu, estava com outra, ele até a beijou.
     E sem pensar, num impulso, cega de ciúmes, atirou...
     Dele, não mais ouvirá a verdade, mas em seus olhos se apagando, sentiu sinceridade.
    Agora, nada mais importa, nunca terá a resposta, e por isto está lá, neste arremedo de vida, trancada, atrás daquela porta.
    Só o que lhe resta, é pensar em seus beijos, carinhos e abraços, olhos abertos, cansados, sem forças, no escuro, sabe que dali não sairá, que este na verdade será seu túmulo.
    O sol, não é mais para ela, porque em sua extrema loucura, quem mais nesta vida amou... Matou!


                                                                                 Lani 
     


  




segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O ESPELHO E O TEMPO


     E a jovem no espelho se olha,
     Cabelos longos, porte de princesa,
     Enquanto se fita absorta,
     E a vida acontece em sua volta.
   
     Pai, mãe, três irmãos, uma família,
     Comida na mesa, quentinha, cheirosa,
     O som dos Beatles no vinil, da sala,
     TV em preto e branco, passando a novela.

     Carro antigo, importado,
     Reunião dançante no sábado,
     Matinê com Alain Delon, no domingo,
     Missa á noite, na igreja do bairro.

     Vestido de noite, sapato alto,
     Os quinze anos, sonho realizado,
     Orquestra, tocando uma valsa,
     E a debutante, a dançar com o príncipe encantado.

     Enquanto a menina, de cabelos longos suspira,
     Mais um átomo de segundo expira,
     O pai e a mãe conversando, espia,
     E os irmãos, falando em política e diplomacia.

     Um país em ebulição,
     Curso superior, canudo na mão,
     Hora de assumir uma posição,
     E também ter, a primeira afeição.

     Mas, ao piscar com mais força,
     Tudo passou, ela não é mais moça,
     O espelho agora revela,
     O que se passou, era sua mente,
     Relembrando a história que era só dela!

                                     Lani
      

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DE QUEM É A LUA?

    É do pai que na janela espera, o filho que para a balada foi, coração angustiado, peito apertado, e ela brilhando, na noite que lentamente se esvai.
     É da mãe, cuja filha disse, uma amiga ir visitar, e ela na sacada, quase que grudada, a esperar e a pensar, “se ela chegar corro e vou me deitar”, e a lua, as vezes escondida, fica lá, a noite inteirinha, para a mãe poder confortar
     Da mulher, que espera o companheiro, que como sempre foi trabalhar, é vigia, médico, enfermeiro ou bombeiro, é na noite seu labutar, e ela que o espera ansiosa, só tem a lua para conversar.
     Também é da jovem perdida, que nada mais tem na vida, ninguém para voltar, faz da lua confidente, até quando range os dentes, por ter que mais um acompanhar.
     É do menino coitado, viciado com fome, cuja vida é um tormento, falta tudo, carinho, amor, alimento, não sabe onde buscar, tem na lua sua única amiga, que ilumina o bueiro aonde vai se deitar.
     Ela é da tragédia e da alegria, é também da magia de quem dançou a noite inteira, numa praia ao luar, da onda batendo na areia, do casal com a roupa molhada, e ela no céu prateada, cúmplice, encantada a brilhar, é pródiga, com muita história para contar, é do abraço do amigo, dos beijos consentidos, e também dos roubados, só provando que realmente, a lua é, dos namorados...
 
             
                                                                                                           Lani
             

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

LIÇÃO DE VIDA

     Lá vem o homem velho,
     Sozinho, lentamente a andar;
     Ao caminhar, claudica,
     Cuidando onde pisar.

     Onde está sua juventude,
     Seu orgulho e vaidade,
     Se agora nesta idade,
     Ao caminhar, claudica...

     Se falhar sua memória,
     Onde buscar a história,
     De sua vida sofrida,
     Se ele ao caminhar, claudica?

     De sua grande família,
     Só ele aqui deve estar,
     Ninguém para o acompanhar,
     E ele ao caminhar, claudica...

     Mas ele vem todo dia,
     Pacientemente, no parque sentar,
     Esperando alguém,
     Para poder conversar.

     E o homem que muito viveu,
     Diz que por isto aprendeu,
     Que sempre lutar pela vida, valeu,
     Mesmo para ele, que agora
     Ao caminhar, claudica...


                                                 Lani   

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A BAILARINA


     Enquanto a orquestra tocava,
     Ela dançava.
     A platéia suspirava e se encantava,
     E ela rodopiava!

     O palco também rodava,
     Como sua cabeça.
     Seu coração doía, seu amor partia,
     E ela dançava!
    
     Sua roupa brilhava, parecia uma estrela...
     Como uma andorinha voava,
     E no palco da vida,
     Ela dançava!

     As luzes a ofuscavam,
     A platéia ela não via,
     Seus olhos cheios de lágrimas... Ardiam.
     E ela dançava!

     A orquestra parou...
     A platéia não aplaudiu...
     Ela não dançou...
     Caiu... Partiu...



                Lani

sábado, 17 de setembro de 2011

MÃE


      Apesar de sempre pensar em ti, hoje foi especial, tua imagem me veio á mente, senti teu beijo em meu rosto, tua mão na minha, uma onda de carinho me invadiu, entreguei-me no teu abraço, e como em criança, me aconcheguei no teu regaço.
     Não sei se te chamei, mas tua presença foi tão forte que senti teu perfume, eu não chorei, quis aproveitar cada segundo contigo, me controlei, sei que estiveste aqui, e querias apenas dividir este momento feliz comigo, e por nosso amor compartilhado, por muito nos termos amado, isto nos foi permitido.
     Mãe queria que este dia não acabasse, que o tempo voltasse, e que comigo novamente aqui estivesses, tua imagem permanece forte em meu pensamento, jovem, cheia de vida, com um sorriso inconfundível, e teu cuidado como sempre foi, indefectível.
     No teu abraço, novamente hoje eu me reconfortei, porque vieste aqui para me dizer, que nem a morte, afasta da mãe seus filhos, porque mesmo lá de cima, distante fisicamente, ela os consegue proteger.
     O amor entre mãe e filhos, foi em outra vida contratado, não podendo por isto ser destruído, pois tem a grandeza de ser o mesmo, que a mãe do céu, por seu filho deve ter sentido.
     Mãe, eu sei que é para sempre, que nunca vamos nos separar, pois nossas almas foram unidas, durante o milagre da vida, e eu, abençoada, pela oportunidade de aqui estar, poder também ser mãe, para este amor sentir, com meus filhos dividir, e confiar que um dia novamente iremos em algum lugar nos reencontrar...
  

                                                                                         Lani

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

NASCIMENTO

     Vá!!
     -Foi a ultima coisa que ouvi, e eu vim.
     -Estou com medo, quem são estas pessoas?
     -Um homem e uma mulher, não os conheço.
     -Eles me tratam bem, me dão carinho, me alimentam me dão colo.
     -Ai, que bom, como sou de sorte!
     -Eu nem os conheço e eles se preocupam comigo, vem me ver toda hora, trocam a minha roupa, “estava suja”, eles até me beijam...
     -Ela é bonita.
     -Ele é tão bom.
     -Como cheguei agora, ainda posso sentir o interior das pessoas e quando ele se aproxima de mim, o quarto se ilumina, sinto um calorzinho tão bom, ele me abraça forte e me diz a cada vez-“bem vinda”, isto é amor, é pura luz, o maior dos sentimentos, e ele sente isto por mim, tenho certeza.
     -Ela, além de bonita e carinhosa, me ama também, posso sentir.
     -Tudo isto é para mim, tenho muita sorte.
     -Não sei como vou chamá-los, estou pensando muito nisso, mas sei que tenho muito tempo para pensar.
     -Nossa, porque estas roupinhas que ela me põe, estão ficando apertadas?
     -Ai... Não agüento mais ficar só deitada!
     -Tenho que tomar cuidado, ontem tentei sentar e bati com a cabeça, está doendo muito, eu choro mas ela não sabe onde dói, é claro, ela não viu.
     -Me deu até chá para dor de barriga, gritei mais ainda, ela não entendeu... Acho que vou ficar quieta para ver se passa a dor.
     -Preciso me comunicar!
     -Vou prestar mais atenção no que dizem, preciso aprender.
     -Quando eles chegam perto de mim, dizem coisas...
     -Eles dizem sempre sorrindo “filha”, acho que este é meu nome, não gostei muito, mas eles falam com tanto carinho que vou aprender a gostar.
     -Pensei muito, hoje vou fazer uma surpresa!
     -A minha linda vou chamar de mamã...
     - O meu amor vou chamar de papá...
     -Eu achei estes nomes lindos será que eles vão gostar?

                                                                        Lani

AGRADECIMENTO


 MEUS AMIGOS E SEGUIDORES QUERO AGRADECER A TODOS VOCÊS PELAS VISITAS E TAMBÉM PELOS RECADOS QUE AQUI  DEIXAM, FAÇO DELES MINHA MOTIVAÇÃO E INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER.
     QUERO TAMBÉM CONVIDÁ-LOS PARA QUE VENHAM  ME VISITAR NO SITE A SEGUIR: http://www.recantodasletras.com.br/autores/zilanicelia
       
                                   ZILANI CELIA
                                 
                                         BJS

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ESTRELA GUIA

      E assim, ficou estabelecido: Para cada bebê na terra nascido, a mãe, uma estrela no céu, deveria dependurar, assim cada criança teria, sua própria estrela guia, para sempre dela cuidar.
     Quando nasceu Maria, uma estrela foi encarregada, de sempre a olhar, então foi lá colocada, mas tinha de ficar parada, e esperar, Maria notar seu fulgor, e lhe lançar um olhar, que tinha de ser de amor.
     E todo o dia, quando a mãe de Maria, a levava para passear, lá estava ela, a estrela, sempre a observar, porque, mesmo sendo dia, tinha de esperar.
     O tempo foi passando e Maria crescida, começa a estudar, a estrelinha brilha contente, “agora certamente ela vai alguém encontrar, vai me olhar, me libertar, e enfim pelo céu, com minhas amiguinhas poderei brincar.
.   Quando chegou a adolescência, um dia por conseqüência, a menina se apaixonou, e cada vez que suspirava, a estrela imaginava que receberia um olhar de amor.
     Maria, menina, olhos cerrados, só tinha em mente a figura de seu amado, e seu coração apaixonado, jovem e inexperiente, não sabia que o amor pode ser compartilhado com muita gente.
     Mas Maria ao ficar adulta, isto logo aprendeu, quando três estrelinhas brilhantes, feliz dependurou no céu, assim as três pequenas marias, tiveram de lá ficar, junto com a estrela guia de Maria, já cansada de tanto esperar.
     Maria, que agora tinha três marias para cuidar, esqueceu que sua estrela, a muito deixara dependurada, triste, desamparada, a esperar, o olhar de amor, que ela não lhe pudera dar.
     As três meninas cresceram, e tanto sobre amor Maria as ensinou, que logo suas estrelas cada uma libertou, se olhares para cima na certa verás, as três marias juntinhas, felizes a brincar.
     Maria, agora na vida ,seguindo sozinha, entendeu, que para sua estrela libertar, bastava apenas ter lhe lançado um olhar, e diz arrependida que não viu, porque quando sentiu amor, foi só com as três marias que dividiu.
     A estrela guia, cabisbaixa, já quase a se apagar, percebe que Maria acaba de chegar,esta lhe pega as mãos solta suas amarras, pede-lhe perdão, seca suas lágrimas, e assim depois de tanto esperar ficam ali, as duas, sem falar, apenas abraçadas... 
.
        
                                                                                                                                                                                    
                                                                                                                Lani

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

AUTO RETRATO

     E eu que agia, com independência e propriedade,
     Agora na realidade, já nem sei quem sou,
     À noite faço planos, realizo coisas, só na imaginação,
     Quando amanhece o dia, abro os olhos, para ver que
     nada se concretizou.

     Os planos eram fantasias, de realizações impossíveis...
     Os sonhos eram quimeras em músicas inaudíveis...

     Mais um dia se anuncia, a noite se acabou,
     E agora tenho que esperar, mais quantas horas,
     Para sonhar, pensando que algo mudou.

     Quando ela chega, amiga, companheira,
     Para me ajudar a fingir que sou,
     Artista, bailarina, atleta ou enfermeira,
     Sem cobrar nada, aceita, alimenta minha fantasia,
     Segurando minha mão, como um filho, ou um irmão.

     E assim sucessivamente,
     Lágrimas correm abundantemente,
     No momento em que me encontro, e naturalmente é dia,
     E me vejo como sou.

     E neste devaneio cotidiano,
     Sigo, vivo, me reconstruo,
     Renasço, e a cada novo dia, me reencontro no absurdo.

     E buscando a noite como uma fuga,
     Tento me esconder na escuridão,
     Amealho forças, para enfrentar o dia,
     Me misturando com a multidão.

     Não é viver, é uma utopia,
     Me escondendo, porque ainda é dia,
     Usando máscaras, óculos escuros,
     Caminho por corredores obscuros,
     Esperando a noite para reviver,
     E em meus sonhos, poder apenas, ser.

     O gelo, que agora invade minhas entranhas,
     É o frio da noite em vielas estranhas,
     É o som dos passos solitários,
     De quem já morreu, mas de partir se esqueceu...

                                                      Lani
     

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O amor


     Dizes que todos te buscam.
   Quando jovens querem muito te encontrar, para viver uma história que dure a vida inteira.
   Na maturidade para sentir algo tão forte que faça a diferença, entre apenas estar aqui, e ter vivido de forma bem intensa.
   Até te buscam na fase derradeira, para não ir embora sem fazer contigo ao menos, uma confidência.
     Quantas vezes alguém pensou que eras tu, amor, que estava em tua presença, tentou tua mão prender, te implorou, te abraçou, mas te desvencilhaste num encontrão, teu caminho continuaste, por maldade não foi, é que sabias que era apenas falsidade.
     Já vi gente sofrendo bater a tua porta, coração magoado, com uma ferida exposta, e nos olhos suplicantes um pedido de socorro, nem assim fizeste um gesto de amizade, ou disseste uma palavra de consolo.
     Quando vi isto, amor, de injusto te acusei, pois todos pensam ser verdadeiro o que sente e também de onde vem, já o do outro não tem como saber, e tu como um grande sentimento queres estar na vida e no coração de todo o ser.
     Aprendi contigo que em tua grandeza, só queres ter absoluta certeza, que quem não te encontrar em outro ser humano, possa achar-te, então na natureza.
     O que mais queres, é saber-te, compartilhado, que cada coração já tenha te encontrado, que seja, por um pai, uma mãe, um irmão, um filho, um companheiro, ou até por um amigo, mas por verdadeiro, possa dizer já ter amado.
     E agora que te conheço  amor, sei que só queres, que ao colhermos do jardim a ultima flor, seja esta muito perfumada, para sabermos que em nossa jornada, conseguimos por alguém sentir-te,  “amor”!

                                                                                                                     Lani 

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A NOITE

    Assim que o dia vai embora, ela chega e lentamente como quem não quer nada, vai se esgueirando, encobrindo tudo, tomando conta, ela manda, ela é a rainha, a dona, a senhora.
     Janelas se fecham, portas batem, todos a temem, correm como que a fugir, porque ela chegou, e com ela o escuro, o segredo, os amores clandestinos, os crimes, não há como medo não sentir.
     Então tudo acontece, luzes, letreiros, um perfume no ar, carros a circular, amores que se oferecem, e o encantamento da noite, mais uma vez vai imperar.
     Festas para todos os lados, tudo parece brilhar, como que a desafiar a noite, que por escura, não gosta nem das estrelas, que iluminando as ruas a querem anular.
     Cada vez mais intensa ela fica, e a lua lá no céu, como uma pedra preciosa a enfeitá-la, é cúmplice de seus desmandos, e das artimanhas da noite, também é testemunha.
     E a dama que é a noite se insinua, envolve quem por ela ainda se aventura, ao homem solitário que anda a procura, e a mulher que nua caça, como fera a espreita da vítima da rua.
     Em cada praça que ela entra, transforma o que de dia era só alegria como o grito da criança, em fantasmagóricas figuras, esgueirando-se como almas penadas, a procura do nada, que é o que as alimenta.
     E assim continua sua jornada, aos namorados ela brinda , com uma rajada de vento perfumada, e a madrugada que chega aos poucos silenciosa, tem medo da noite pois esta sabe que ela será para sempre sua mortalha.
     Quando já quase a noite se acabava, houve-se um grito lancinante, uma vida se esvai caída na calçada, ela viu quem foi, mas vai ficar calada, sorri, pois para ela isto é apenas um incidente, sabe que voltará amanhã, e verá tudo, acontecer novamente!
    

                                                                                                                          Lani

domingo, 28 de agosto de 2011

VIDAS

     Vida, que trouxe Vida ao mundo, não pensou nem por um segundo, que sua vida iria mudar.
     Vida alimentou a Vida com seu leite, a carregou em seu ventre até com a vida a quis brindar.
     Vida sabia, que esta vida que nascia, a ela não pertencia, logo teria que para a vida a encaminhar e sem nada perguntar.
     Mas no momento da partida, Vida, que já sabia que de Vida iria se separar, beijou seu rosto com carinho, apertou-a de encontro ao peito, saiu chorando de mansinho, até Vida se afastar.
     Vida sabia que Vida, iria viver sua vida e nada podia mudar.
     Ela também sabia, que no dia em que Vida fosse ter outra vida, a iria procurar, pois Vida que um dia fora só filha , ao ser mãe teria outra vida para amar.
     Quando Vida soube que Vida, outra vida ao mundo iria trazer, ficou feliz, porque agora ela saberia, o que era por outra vida viver.
     Assim Vida, pensou que ao ter que ir, Vida outra vida teria, então compreenderia que ser mãe é até renunciar a vida para a outra vida viver.
     Com orgulho Vida, que no decorrer da vida três vidas gerou, teve certeza que sua história de vida para sempre se perpetuou!
    

                                                                                                                    Lani

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PACTO COM O VENTO

     Sempre é possível voltar atrás, mudar, reconsiderar tudo que já passou, pensar em recompor o que destruí sei que é em vão, mas estou muito arrependido, por isto peço  teu perdão.
     Já fiz coisas boas, uma vez trouxe um barco de volta que estava a deriva, na imensidão do mar, venci meus instintos e o arrastei, até um porto seguro encontrar e fiquei ali  parado, torcendo para o náufrago se salvar.
     Quando numa catástrofe me envolvo sou apontado como o culpado, e apesar de estar arrasado tenho que aceitar, mas esta outra força chamada homem também é responsável não teria que repensar?
     Voltei a lugares onde corria solto, por entre árvores e vegetação, mas lá não havia mais nada, só o vazio, terra seca, devastação, por isto fiquei mais forte, sem barreiras para passar, acabei destruindo gente, casas, escolas e a própria terra que seu dono, neste caso o homem não soube preservar.
     Já pedi a Deus que me parasse, nem que para isto precisasse me anular, eu que sempre tive orgulho de ser o vento, agora só me lamento, aqui não quero mais ficar, se meu único talento é o que eu estou a demonstrar.
     Quero ser um vento brando, crianças acariciar, pela flor passar de mansinho para não a desfolhar, quero ajudar o passarinho quando deixar o ninho para seu primeiro vôo alçar, e ser tão harmonioso como um bailarino a dançar.
     Com estes pensamentos, vou ao encontro do homem, combinar uma nova vida, vamos recomeçar, se ficarmos aliados podemos mudar, eu de meu lado juro, não vou mais arrasar, se fizeres a tua parte não vamos nos arrepender, porque a terra tens por empréstimo, terás que devolver, vamos mostrar a todos que vale a pena viver, quando o vento e o homem, conseguem se entender!


                                                                                                                 Lani

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

NOVA CHANCE

     Quando me avisaram que tudo estava acabado, que minha vez havia chegado, não consegui assimilar, esperneei, sapateei, gritei muito, não queria aceitar, é cedo ainda, não posso parar, fiz tão pouco, preciso continuar.
     Se soubesse que desta vida tão cedo partiria, melhor me prepararia, desprevenida não me pegarias, posso te garantir, por isto quero uma chance, não me leve ainda, preciso me despedir.
     Não amei ninguém, não concluí meus estudos, meus projetos não realizei, nem sequer doei meus objetos, não vou agora, me nego, implorei.
     Mas não obtive resposta, atrás de mim fechou-se uma porta, a minha frente um grande corredor se abriu me convidando a entrar, a luz era tão intensa, meus olhos ardiam, fui ficando mais leve, como a flutuar.
     Em uma sala muito clara adentrei, sem muito entender o que me acontecia, o meu filme começou, lá estava meu nome, era a minha vida, fiquei envergonhada com o que mostrou. “Só coisas ruins, desesperada indaguei, e onde está o que fiz de bom?” Ajudei velhos a atravessar a rua, dei esmolas, comida a quem precisou, afaguei a criança quando chorou, tenho certeza que me doei.
     O porteiro do céu após muito pensar, coçou o queixo, e concluiu:
     -Vais ter que voltar para lá, viver tudo de novo, terás uma nova chance, sem mais provas não posso continuar, se nada mais consta aqui no teu perfil, creio que nos teus momentos bons eu errei, em vez de salvar, deletei, ou então foi a internet que caiu...
                                                                                                                       Lani