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Recanto das letras

terça-feira, 26 de junho de 2018

ALUCINAÇÃO!

  
Mais uma noite fria e a cena se repetia,
O xale nos ombros, no rosto, agonia,
Acreditando, que hoje, enfim fugiria,
Desta vida, que não mais queria...

Os neons, o asfalto, iluminavam,
Seus pés trôpegos, neles pisavam,
A chuva que corria, as sarjetas, inundava,
E ela, mesmo assim, sozinha continuava...

Ia até o cais, de onde ele partira,
Foi lá, que pela última vez, o vira,
Num navio, que em sua mente, soçobrava,
E sumia, toda vez, que dali se aproximava...

Sentia o furor do vento, que sua pele feria,
A cabeça rodopiava, sua fonte doía,
O mar agitado, nas pedras, furioso batia,
Ela o chamava, volte! Lhe pedia...

A beira do abismo, no escuro, se equilibrava,
Ouviu a voz dele, que de longe gritava,
-Não dê mais, nenhum, passo á frente...
-Vire-se e vá embora... Daqui, para sempre...

    Lani (Zilani Celia)


quinta-feira, 7 de junho de 2018

CERROU-SE A PORTA!

 
 Do outro lado, havia sonhos,
Felizes, muitos de amor, outros tristonhos,
Fechei-me em concha, sem coragem, de vivê-los,
Deixei assim, que se tornassem, meus pesadelos...

Hoje, os vejo ali inertes, empoeirados,
Reminiscências de tempos idos, ultrapassados,
Num relicário, no coração, sempre guardados,
Da menina que sonhou, mas, não ousou realizá-los...

Nada mais valem, são agora devaneios,
Uma singela história, pueris anseios,
Não choro mais, posso agora, até revê-los,
Cerrou-se a porta mas, me nego a esquecê-los...

A cada um, peço perdão, com um afago,
Os anulei e condenei, mesmo assim, ainda os guardo,
Mutilados, como sem as asas, um passarinho,
Neguei-lhes o direito, de voarem, ao próprio ninho...
  
           Lani(Zilani Celia)