No céu os fogos pipocam, os clarões são tão fortes e ininterruptos que cegam o menino, ele encantado olha para tudo, não acreditando no que está presenciando.
Pessoas a passar de um lado para outro, lojas cheias, todos sorriem carregando seus pacotes, bares e restaurantes iluminados, famílias brindam, comem, se abraçam, é meia noite, o novo ano começa.
E, assim como por encanto, tudo silencia, as ruas ficam desertas, os neons aos poucos vão sendo apagados, e o silêncio fantasmagórico envolve o menino, que em seu desamparo, mais parece um espectro.
Roupas sujas, rasgadas, olhos no fundo, a fome e a sede já são uma constante em sua vida, sem ter onde dormir, se acomoda embaixo de uma escada, sabe que não pode voltar para casa, ali vai passar a entrada do ano novo, vai ouvir os risos, os cantos, os cumprimentos, sentir o cheirinho de comida e se imaginar numa destas festas, como um dos convidados.
Neste momento, ouve passos na calçada, um casal se aproxima, os dois conversam animadamente, ao passarem pelo menino, algo cai do bolso do homem, o menino estende a mão e pega, atônito, vê que tem nas mãos uma carteira, instintivamente, se levanta e corre atrás do homem, entregando-lhe o achado, sem nem ver o que havia em seu interior.
Quando o homem se vira, ao ser chamado, o menino se surpreende, teve a nítida impressão de conhecê-lo, já o vira em algum lugar sim, talvez em suas orações ou em seus sonhos, quem sabe. “Estranho, pensou, devem ser meus olhos, Ele parece brilhar”, sorrindo com ternura, o homem, abre a carteira, retira todo o dinheiro de seu interior e o estende ao menino, que está como que paralisado, o casal, sem pronunciar uma palavra sequer, rapidamente se afasta.
O menino corre pela noite em direção a sua casa, quando ofegante, chega á vila pobre onde sua família mora, abre a porta, em volta da mesa vazia, sua mãe e os irmãos, oram, ainda ouve um pouco da oração que com fé a mãe diz, “Senhor abençoa este lar, mas principalmente Pai, protege meu filho mais velho que nesta noite deve estar pelas ruas solitário, tentando conseguir o pão para mim e os irmãos, não o abandone Pai...”
O menino, com lágrimas nos olhos, emocionado ante aquela demonstração de amor e afeto por ele, abraça a mãe com carinho, estende-lhe seu tesouro e diz...
Veja mãe... ELE te ouviu...
Lani
AOS AMIGOS DESEJO MUITA PAZ, AMOR E SAÚDE PARA O NOVO ANO
E QUE AS BENÇÃOS DO PAI SEJA UMA CONSTANTE NA VIDA DE CADA UM.