Seguidores

Recanto das letras

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

MILAGRE DE ANO NOVO

      
      No céu os fogos pipocam, os clarões são tão fortes e ininterruptos que cegam o menino, ele encantado olha para tudo, não acreditando no que está presenciando.
      Pessoas a passar de um lado para outro, lojas cheias, todos sorriem carregando seus pacotes, bares e restaurantes iluminados, famílias brindam, comem, se abraçam, é meia noite, o novo ano começa.
      E, assim como por encanto, tudo silencia, as ruas ficam desertas, os neons aos poucos vão sendo apagados, e o silêncio fantasmagórico envolve o menino, que em seu desamparo, mais parece um espectro.
       Roupas sujas, rasgadas, olhos no fundo, a fome e a sede já são uma constante em sua vida, sem ter onde dormir, se acomoda embaixo de uma escada, sabe que não pode voltar para casa, ali vai passar a entrada do ano novo, vai ouvir os risos, os cantos, os cumprimentos, sentir o cheirinho de comida e se imaginar numa destas festas, como um dos convidados.
        Neste momento, ouve passos na calçada, um casal se aproxima, os dois conversam animadamente, ao passarem pelo menino, algo cai do bolso do homem, o menino estende a mão e pega, atônito, vê que tem nas mãos uma carteira, instintivamente, se levanta e corre atrás do homem, entregando-lhe o achado, sem nem ver o que havia em seu interior.
           Quando o homem se vira, ao ser chamado, o menino se surpreende, teve a nítida impressão de conhecê-lo, já o vira em algum lugar sim, talvez em suas orações ou em seus sonhos, quem sabe. “Estranho, pensou, devem ser meus olhos, Ele parece brilhar”, sorrindo com ternura, o homem, abre a carteira, retira todo o dinheiro de seu interior e o estende ao menino, que está como que paralisado, o casal, sem pronunciar uma palavra sequer, rapidamente se afasta.
            O menino corre pela noite em direção a sua casa, quando ofegante, chega á vila pobre onde sua família mora, abre a porta, em volta da mesa vazia, sua mãe e os irmãos, oram, ainda ouve um pouco da oração que com fé a mãe diz, “Senhor abençoa este lar, mas principalmente Pai, protege meu filho mais velho que nesta noite deve estar pelas ruas solitário, tentando conseguir o pão para mim e os irmãos, não o abandone Pai...”
             O menino, com lágrimas nos olhos, emocionado ante aquela demonstração de amor e afeto por ele, abraça a mãe com carinho, estende-lhe seu tesouro e diz...
              Veja mãe... ELE te ouviu...
          
        Lani

       AOS AMIGOS DESEJO MUITA PAZ, AMOR E SAÚDE PARA O NOVO ANO
E QUE AS BENÇÃOS DO PAI SEJA  UMA CONSTANTE NA VIDA DE CADA UM.

        

sábado, 24 de dezembro de 2011

REENCONTRO DE NATAL


      
      Para cada janela aberta que olhava, se encantava com a profusão de luzes, vozes se elevando, ouvia os cumprimentos de “feliz natal”, das árvores enfeitadas ao menos a pontinha ela vislumbrava.
     Ficar feliz pensou, só pelo recém nascido que trazia em seus braços, aconchegado, seu único bem, que dormia como um anjo, como se soubesse estar protegido e ser muito amado.
     A rua deserta, a noite alta, lhe dava temor, principalmente pelo tesouro que carregava, ao qual defenderia com a vida, tal era por ele seu amor.
     Sentou-se, desanimada, sentindo o frio da noite, vencida pela fraqueza do parto recente, adormeceu e sonhou...
     Um velinho de roupa vermelha, barba branca, dela se aproximou, tirou delicadamente o bebe de seus braços, ela num esforço supremo tentou segurar o filho, mas o sorriso terno do homem, a venceu, ela se entregou, ele em seus braços a amparou.
     Ao voltar a si, muito tempo depois, estava em uma cama quente, na lareira o fogo ardia, dando um aspecto mágico ao lugar, o bebê ao seu lado tranqüilo, dormia, tentou se levantar precisava saber quem a socorrera, de uma coisa estava certa, não fora um sonho o que lhe acontecera.
     Pela roupa de papai Noel, dependurada no cabide, entendeu, havia sido salva por alguém que se vestia de papai Noel nesta época do ano, para ganhar um dinheiro a mais, ou quem sabe só pelo prazer de ver o sorriso no rosto das crianças, pensou...
     A custo, se levantou, acompanhou o cheirinho do café, e ao entrar na cozinha, parou...
Sentado, alcançando-lhe uma xícara de café fumegante... Seu pai, que ha muitos anos não via.
     Os dois se abraçaram, não havia nada a dizer... Não havia nada a cobrar...
     Na magia daquele momento, não perceberam, que no quarto, um anjinho em sua inocência, como que, abençoando aquele encontro...  Sorria...
    
     Lani

     QUERIDOS AMIGOS, QUE AS BENÇÃOS DE DEUS ESTEJAM NAS VIDAS DE CADA UM NESTA NOITE DE NATAL E EM TODAS AS OUTRAS DO ANO NOVO.
    ABRÇS 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O VÍDEO (QUE NÃO SALVOU)


     Quando te vi ali, pequenino,
     Inerte jogado ao chão,
     Deu-me profunda tristeza,
     Mas aliviou-me o coração...

     O vídeo, para ti não serviu,
     Acabaste morrendo, igual,
     Espero que tua morte sirva,
     Para salvar outro animal...

     Irracional, foi quem te judiou,
     Te jogou ao chão, tripudiou,
     E nem por um momento,
     Se arrependeu, e no colo te aconchegou...

     Se tivesse te olhado nos olhos,
     Talvez, quem sabe, parasse,
     Veria toda a tristeza e decepção,
     Pois foi nela que confiaste...

     E tu ali, tão frágil, sofrendo,
     Sendo morto, em frente a uma criança,
     Que cresceria contigo,
     Não fosse filha...Da violência...

    Lani

                   -Fiz este poema em repúdio a tortura e morte do
Cãozinho que chocou a todos que o viram e tem um coração.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

PARA TI !

      ESTA POESIA EU FIZ PARA HOMENAGEAR MINHA FILHA,
 PELO SEU ANIVERSÁRIO NESTE DIA16 DE DEZEMBRO, MESMO
ACHANDO QUE MINHAS PALAVRAS SÃO INSUFICIENTES PARA
EXPRESSAR O TANTO DE AMOR QUE A ELA DEDICO.

   INALIZ



Fui bem alto no firmamento,
Esta pequena estrela buscar,
Deus em sua infinita bondade,
Permitiu-me dela cuidar...

Coloquei a estrela flor em meus cabelos,
Ela faceira, começou a brilhar,
Me enfeitando em minha juventude,
E eu ajudando-a, a no céu se equilibrar...

A estrela flor adolescente,
Era um diamante a lapidar,
Cada faceta, muito lentamente,
Foi polida, aumentando assim seu brilhar...

Quando foi chegado o momento,
Num ritual, digno de princesa,
Para enfeitar seus cabelos,
Coloquei-lhe, a flor estrela, com toda delicadeza...


E na sequencia da vida,
A flor estrela que já a mãe enfeitou,
Vai brilhar nos cabelos da filha,
Repleta de carinho e muito amor...

Cultivei a flor estrela,
Para poder agora te entregar,
Com sua luz iluminará teu caminho,
E minha vida, com sua cor enfeitará...

E assim a estrela flor,
Em seu próprio jardim desabrochará,
E quando os botõezinhos abrirem,
Terá então, suas flores, para seus cabelos enfeitar...

Lani
                                                                                                                                                                                                           

domingo, 4 de dezembro de 2011

FLORES CLANDESTINAS


     Foi nesta praça, neste banco,
     Ele lhe deu uma pequena flor,
     Roubou-lhe o primeiro beijo,
     Trocaram juras de amor.

     Jovens, vivendo o encantamento,
     Com toda a intensidade, de cada momento,
     Sem avaliarem as atitudes,
     Se entregando em sua plenitude.

     Duas crianças, que muito se amavam,
     Uniram corpo e alma...  Não pensaram,
     Que destes encontros resultaria,
      Muito sofrimento, muita agonia.

     Enfrentar amigos, a cidade, a família,
     O menino, o que fazer não sabia,
     A barriga agora, aparecia,
     E a menina só, acabrunhada, se escondia,
   
      Num tempo em que só a mulher respondia,
     A culpa era dela, a vergonha a consumia,
     Neste mesmo banco foi encontrada sem vida,
     A menina vitima, da hipocrisia.

     O lugar sempre coberto de flores, na praça da cidadezinha,
     Alguém o mantém assim, de forma clandestina,
     Só ele sabe que é o tumulo da inocente, menina
     Que por muito amar, a vida lhe custaria...

        Lani