Mais
uma noite fria e a cena se repetia,
O
xale nos ombros, no rosto, agonia,
Acreditando,
que hoje, enfim fugiria,
Desta
vida, que não mais queria...
Os
neons, o asfalto, iluminavam,
Seus
pés trôpegos, neles pisavam,
A
chuva que corria, as sarjetas, inundava,
E
ela, mesmo assim, sozinha continuava...
Ia
até o cais, de onde ele partira,
Foi
lá, que pela última vez, o vira,
Num
navio, que em sua mente, soçobrava,
E
sumia, toda vez, que dali se aproximava...
Sentia
o furor do vento, que sua pele feria,
A
cabeça rodopiava, sua fonte doía,
O
mar agitado, nas pedras, furioso batia,
Ela
o chamava, volte! Lhe pedia...
A
beira do abismo, no escuro, se equilibrava,
Ouviu
a voz dele, que de longe gritava,
-Não
dê mais, nenhum, passo á frente...
-Vire-se
e vá embora... Daqui, para sempre...
Lani (Zilani Celia)