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Recanto das letras

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ATRÁS DAS GRADES


      Na calada da noite, envolvida pelo silêncio absoluto, corpo em frangalhos, coração despedaçado, só ouve os próprios soluços.
    Sua cabeça martelando, o tempo lentamente passando, seu peito arfando, e ela revivendo aquele momento, que não lhe sai do pensamento.
     Pensou em sua vida, sangrou a ferida, como ha tanto tempo fazia, noite após noite, numa autopunição atroz, sem trégua, sem piedade, sem guarida.
     O estampido em seus ouvidos ainda zunia, ele em sua frente, no chão, morria, a seus pés, como sempre sonhara vê-lo, por ela sofrendo, mas que fosse por amor.
     Quando o sangue jorrou, sobre ele se atirou e pedindo perdão, implorou.
     Seu último suspiro foi em seus braços.
     Sua cabeça descansou em seu regaço.
     Suas mãos entre as suas colocou.
     Seus olhos rasos de lágrimas, ele também chorou...
     Esta imagem não lhe sai do pensamento.
     Porque ele chorou naquele momento?
     Ela o viu, estava com outra, ele até a beijou.
     E sem pensar, num impulso, cega de ciúmes, atirou...
     Dele, não mais ouvirá a verdade, mas em seus olhos se apagando, sentiu sinceridade.
    Agora, nada mais importa, nunca terá a resposta, e por isto está lá, neste arremedo de vida, trancada, atrás daquela porta.
    Só o que lhe resta, é pensar em seus beijos, carinhos e abraços, olhos abertos, cansados, sem forças, no escuro, sabe que dali não sairá, que este na verdade será seu túmulo.
    O sol, não é mais para ela, porque em sua extrema loucura, quem mais nesta vida amou... Matou!


                                                                                 Lani 
     


  




segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O ESPELHO E O TEMPO


     E a jovem no espelho se olha,
     Cabelos longos, porte de princesa,
     Enquanto se fita absorta,
     E a vida acontece em sua volta.
   
     Pai, mãe, três irmãos, uma família,
     Comida na mesa, quentinha, cheirosa,
     O som dos Beatles no vinil, da sala,
     TV em preto e branco, passando a novela.

     Carro antigo, importado,
     Reunião dançante no sábado,
     Matinê com Alain Delon, no domingo,
     Missa á noite, na igreja do bairro.

     Vestido de noite, sapato alto,
     Os quinze anos, sonho realizado,
     Orquestra, tocando uma valsa,
     E a debutante, a dançar com o príncipe encantado.

     Enquanto a menina, de cabelos longos suspira,
     Mais um átomo de segundo expira,
     O pai e a mãe conversando, espia,
     E os irmãos, falando em política e diplomacia.

     Um país em ebulição,
     Curso superior, canudo na mão,
     Hora de assumir uma posição,
     E também ter, a primeira afeição.

     Mas, ao piscar com mais força,
     Tudo passou, ela não é mais moça,
     O espelho agora revela,
     O que se passou, era sua mente,
     Relembrando a história que era só dela!

                                     Lani
      

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

DE QUEM É A LUA?

    É do pai que na janela espera, o filho que para a balada foi, coração angustiado, peito apertado, e ela brilhando, na noite que lentamente se esvai.
     É da mãe, cuja filha disse, uma amiga ir visitar, e ela na sacada, quase que grudada, a esperar e a pensar, “se ela chegar corro e vou me deitar”, e a lua, as vezes escondida, fica lá, a noite inteirinha, para a mãe poder confortar
     Da mulher, que espera o companheiro, que como sempre foi trabalhar, é vigia, médico, enfermeiro ou bombeiro, é na noite seu labutar, e ela que o espera ansiosa, só tem a lua para conversar.
     Também é da jovem perdida, que nada mais tem na vida, ninguém para voltar, faz da lua confidente, até quando range os dentes, por ter que mais um acompanhar.
     É do menino coitado, viciado com fome, cuja vida é um tormento, falta tudo, carinho, amor, alimento, não sabe onde buscar, tem na lua sua única amiga, que ilumina o bueiro aonde vai se deitar.
     Ela é da tragédia e da alegria, é também da magia de quem dançou a noite inteira, numa praia ao luar, da onda batendo na areia, do casal com a roupa molhada, e ela no céu prateada, cúmplice, encantada a brilhar, é pródiga, com muita história para contar, é do abraço do amigo, dos beijos consentidos, e também dos roubados, só provando que realmente, a lua é, dos namorados...
 
             
                                                                                                           Lani
             

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

LIÇÃO DE VIDA

     Lá vem o homem velho,
     Sozinho, lentamente a andar;
     Ao caminhar, claudica,
     Cuidando onde pisar.

     Onde está sua juventude,
     Seu orgulho e vaidade,
     Se agora nesta idade,
     Ao caminhar, claudica...

     Se falhar sua memória,
     Onde buscar a história,
     De sua vida sofrida,
     Se ele ao caminhar, claudica?

     De sua grande família,
     Só ele aqui deve estar,
     Ninguém para o acompanhar,
     E ele ao caminhar, claudica...

     Mas ele vem todo dia,
     Pacientemente, no parque sentar,
     Esperando alguém,
     Para poder conversar.

     E o homem que muito viveu,
     Diz que por isto aprendeu,
     Que sempre lutar pela vida, valeu,
     Mesmo para ele, que agora
     Ao caminhar, claudica...


                                                 Lani   

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A BAILARINA


     Enquanto a orquestra tocava,
     Ela dançava.
     A platéia suspirava e se encantava,
     E ela rodopiava!

     O palco também rodava,
     Como sua cabeça.
     Seu coração doía, seu amor partia,
     E ela dançava!
    
     Sua roupa brilhava, parecia uma estrela...
     Como uma andorinha voava,
     E no palco da vida,
     Ela dançava!

     As luzes a ofuscavam,
     A platéia ela não via,
     Seus olhos cheios de lágrimas... Ardiam.
     E ela dançava!

     A orquestra parou...
     A platéia não aplaudiu...
     Ela não dançou...
     Caiu... Partiu...



                Lani

sábado, 17 de setembro de 2011

MÃE


      Apesar de sempre pensar em ti, hoje foi especial, tua imagem me veio á mente, senti teu beijo em meu rosto, tua mão na minha, uma onda de carinho me invadiu, entreguei-me no teu abraço, e como em criança, me aconcheguei no teu regaço.
     Não sei se te chamei, mas tua presença foi tão forte que senti teu perfume, eu não chorei, quis aproveitar cada segundo contigo, me controlei, sei que estiveste aqui, e querias apenas dividir este momento feliz comigo, e por nosso amor compartilhado, por muito nos termos amado, isto nos foi permitido.
     Mãe queria que este dia não acabasse, que o tempo voltasse, e que comigo novamente aqui estivesses, tua imagem permanece forte em meu pensamento, jovem, cheia de vida, com um sorriso inconfundível, e teu cuidado como sempre foi, indefectível.
     No teu abraço, novamente hoje eu me reconfortei, porque vieste aqui para me dizer, que nem a morte, afasta da mãe seus filhos, porque mesmo lá de cima, distante fisicamente, ela os consegue proteger.
     O amor entre mãe e filhos, foi em outra vida contratado, não podendo por isto ser destruído, pois tem a grandeza de ser o mesmo, que a mãe do céu, por seu filho deve ter sentido.
     Mãe, eu sei que é para sempre, que nunca vamos nos separar, pois nossas almas foram unidas, durante o milagre da vida, e eu, abençoada, pela oportunidade de aqui estar, poder também ser mãe, para este amor sentir, com meus filhos dividir, e confiar que um dia novamente iremos em algum lugar nos reencontrar...
  

                                                                                         Lani

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

NASCIMENTO

     Vá!!
     -Foi a ultima coisa que ouvi, e eu vim.
     -Estou com medo, quem são estas pessoas?
     -Um homem e uma mulher, não os conheço.
     -Eles me tratam bem, me dão carinho, me alimentam me dão colo.
     -Ai, que bom, como sou de sorte!
     -Eu nem os conheço e eles se preocupam comigo, vem me ver toda hora, trocam a minha roupa, “estava suja”, eles até me beijam...
     -Ela é bonita.
     -Ele é tão bom.
     -Como cheguei agora, ainda posso sentir o interior das pessoas e quando ele se aproxima de mim, o quarto se ilumina, sinto um calorzinho tão bom, ele me abraça forte e me diz a cada vez-“bem vinda”, isto é amor, é pura luz, o maior dos sentimentos, e ele sente isto por mim, tenho certeza.
     -Ela, além de bonita e carinhosa, me ama também, posso sentir.
     -Tudo isto é para mim, tenho muita sorte.
     -Não sei como vou chamá-los, estou pensando muito nisso, mas sei que tenho muito tempo para pensar.
     -Nossa, porque estas roupinhas que ela me põe, estão ficando apertadas?
     -Ai... Não agüento mais ficar só deitada!
     -Tenho que tomar cuidado, ontem tentei sentar e bati com a cabeça, está doendo muito, eu choro mas ela não sabe onde dói, é claro, ela não viu.
     -Me deu até chá para dor de barriga, gritei mais ainda, ela não entendeu... Acho que vou ficar quieta para ver se passa a dor.
     -Preciso me comunicar!
     -Vou prestar mais atenção no que dizem, preciso aprender.
     -Quando eles chegam perto de mim, dizem coisas...
     -Eles dizem sempre sorrindo “filha”, acho que este é meu nome, não gostei muito, mas eles falam com tanto carinho que vou aprender a gostar.
     -Pensei muito, hoje vou fazer uma surpresa!
     -A minha linda vou chamar de mamã...
     - O meu amor vou chamar de papá...
     -Eu achei estes nomes lindos será que eles vão gostar?

                                                                        Lani

AGRADECIMENTO


 MEUS AMIGOS E SEGUIDORES QUERO AGRADECER A TODOS VOCÊS PELAS VISITAS E TAMBÉM PELOS RECADOS QUE AQUI  DEIXAM, FAÇO DELES MINHA MOTIVAÇÃO E INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER.
     QUERO TAMBÉM CONVIDÁ-LOS PARA QUE VENHAM  ME VISITAR NO SITE A SEGUIR: http://www.recantodasletras.com.br/autores/zilanicelia
       
                                   ZILANI CELIA
                                 
                                         BJS

terça-feira, 13 de setembro de 2011

ESTRELA GUIA

      E assim, ficou estabelecido: Para cada bebê na terra nascido, a mãe, uma estrela no céu, deveria dependurar, assim cada criança teria, sua própria estrela guia, para sempre dela cuidar.
     Quando nasceu Maria, uma estrela foi encarregada, de sempre a olhar, então foi lá colocada, mas tinha de ficar parada, e esperar, Maria notar seu fulgor, e lhe lançar um olhar, que tinha de ser de amor.
     E todo o dia, quando a mãe de Maria, a levava para passear, lá estava ela, a estrela, sempre a observar, porque, mesmo sendo dia, tinha de esperar.
     O tempo foi passando e Maria crescida, começa a estudar, a estrelinha brilha contente, “agora certamente ela vai alguém encontrar, vai me olhar, me libertar, e enfim pelo céu, com minhas amiguinhas poderei brincar.
.   Quando chegou a adolescência, um dia por conseqüência, a menina se apaixonou, e cada vez que suspirava, a estrela imaginava que receberia um olhar de amor.
     Maria, menina, olhos cerrados, só tinha em mente a figura de seu amado, e seu coração apaixonado, jovem e inexperiente, não sabia que o amor pode ser compartilhado com muita gente.
     Mas Maria ao ficar adulta, isto logo aprendeu, quando três estrelinhas brilhantes, feliz dependurou no céu, assim as três pequenas marias, tiveram de lá ficar, junto com a estrela guia de Maria, já cansada de tanto esperar.
     Maria, que agora tinha três marias para cuidar, esqueceu que sua estrela, a muito deixara dependurada, triste, desamparada, a esperar, o olhar de amor, que ela não lhe pudera dar.
     As três meninas cresceram, e tanto sobre amor Maria as ensinou, que logo suas estrelas cada uma libertou, se olhares para cima na certa verás, as três marias juntinhas, felizes a brincar.
     Maria, agora na vida ,seguindo sozinha, entendeu, que para sua estrela libertar, bastava apenas ter lhe lançado um olhar, e diz arrependida que não viu, porque quando sentiu amor, foi só com as três marias que dividiu.
     A estrela guia, cabisbaixa, já quase a se apagar, percebe que Maria acaba de chegar,esta lhe pega as mãos solta suas amarras, pede-lhe perdão, seca suas lágrimas, e assim depois de tanto esperar ficam ali, as duas, sem falar, apenas abraçadas... 
.
        
                                                                                                                                                                                    
                                                                                                                Lani

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

AUTO RETRATO

     E eu que agia, com independência e propriedade,
     Agora na realidade, já nem sei quem sou,
     À noite faço planos, realizo coisas, só na imaginação,
     Quando amanhece o dia, abro os olhos, para ver que
     nada se concretizou.

     Os planos eram fantasias, de realizações impossíveis...
     Os sonhos eram quimeras em músicas inaudíveis...

     Mais um dia se anuncia, a noite se acabou,
     E agora tenho que esperar, mais quantas horas,
     Para sonhar, pensando que algo mudou.

     Quando ela chega, amiga, companheira,
     Para me ajudar a fingir que sou,
     Artista, bailarina, atleta ou enfermeira,
     Sem cobrar nada, aceita, alimenta minha fantasia,
     Segurando minha mão, como um filho, ou um irmão.

     E assim sucessivamente,
     Lágrimas correm abundantemente,
     No momento em que me encontro, e naturalmente é dia,
     E me vejo como sou.

     E neste devaneio cotidiano,
     Sigo, vivo, me reconstruo,
     Renasço, e a cada novo dia, me reencontro no absurdo.

     E buscando a noite como uma fuga,
     Tento me esconder na escuridão,
     Amealho forças, para enfrentar o dia,
     Me misturando com a multidão.

     Não é viver, é uma utopia,
     Me escondendo, porque ainda é dia,
     Usando máscaras, óculos escuros,
     Caminho por corredores obscuros,
     Esperando a noite para reviver,
     E em meus sonhos, poder apenas, ser.

     O gelo, que agora invade minhas entranhas,
     É o frio da noite em vielas estranhas,
     É o som dos passos solitários,
     De quem já morreu, mas de partir se esqueceu...

                                                      Lani
     

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O amor


     Dizes que todos te buscam.
   Quando jovens querem muito te encontrar, para viver uma história que dure a vida inteira.
   Na maturidade para sentir algo tão forte que faça a diferença, entre apenas estar aqui, e ter vivido de forma bem intensa.
   Até te buscam na fase derradeira, para não ir embora sem fazer contigo ao menos, uma confidência.
     Quantas vezes alguém pensou que eras tu, amor, que estava em tua presença, tentou tua mão prender, te implorou, te abraçou, mas te desvencilhaste num encontrão, teu caminho continuaste, por maldade não foi, é que sabias que era apenas falsidade.
     Já vi gente sofrendo bater a tua porta, coração magoado, com uma ferida exposta, e nos olhos suplicantes um pedido de socorro, nem assim fizeste um gesto de amizade, ou disseste uma palavra de consolo.
     Quando vi isto, amor, de injusto te acusei, pois todos pensam ser verdadeiro o que sente e também de onde vem, já o do outro não tem como saber, e tu como um grande sentimento queres estar na vida e no coração de todo o ser.
     Aprendi contigo que em tua grandeza, só queres ter absoluta certeza, que quem não te encontrar em outro ser humano, possa achar-te, então na natureza.
     O que mais queres, é saber-te, compartilhado, que cada coração já tenha te encontrado, que seja, por um pai, uma mãe, um irmão, um filho, um companheiro, ou até por um amigo, mas por verdadeiro, possa dizer já ter amado.
     E agora que te conheço  amor, sei que só queres, que ao colhermos do jardim a ultima flor, seja esta muito perfumada, para sabermos que em nossa jornada, conseguimos por alguém sentir-te,  “amor”!

                                                                                                                     Lani