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Recanto das letras

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

DECEPÇÃO!



  Volte! Imploro dolorosamente,

Mas temo Te crucifiquem, novamente,
Não suportaria, Teu novo sofrer,
E entre ladrões, ver-Te novamente, morrer...

 Homens ingratos! Não conseguem entender,
Que, aqui agora, Ele nada mais, quer fazer,
Se com o livre arbítrio, nos presenteou,
- Acertar ou errar, depende de cada um, falou...

O Mar Vermelho abriu-se, num minuto,
Em obediência, rendeu-Te, merecido tributo,
Deixando, que passasse ileso, Teu povo,
Mesmo assim, quem tudo viu, traiu-Te, de novo...

Gravadas na areia, Vês ainda as marcas,
De Teus sagrados pés, quando ao povo pregavas,
As deles frágeis, nem o chão marcaram,
Choraste ao ver... Que só as Tuas... Ali restaram...
  
   Lani (Zilani Celia)



terça-feira, 15 de outubro de 2019

O PESO DO SILÊNCIO!


Como paredes estreitas, esmagas meu peito,
Em minha cabeça crias, um sonho obsceno,
De minhas mãos pedintes, arrancas o aceno,
E na boca cerrada, instilas veneno...

Como fera me caças, meu medo é atroz,
Me subjugas sem pena, sorrindo, algoz,
Preciso de um grito, de ouvir uma voz,
Que me arranque da morte, lenta, feroz...

Te enroscas, me prendes, sem fazer um ruído,
Deixar-me, muda e cega, pr’a ti faz sentido,
Me tens por vencida, coração destruído,
Numa luta inglória, apenas, um desatino...

Te enganas silêncio, estou de novo sorrindo,
Uma voz me chamou, tinha um som tão divino,
Já ouço ao longe, o cantar, de um passarinho,
E o som da água... Descendo o rio... De mansinho...

    Lani (Zilani Celia)

sábado, 7 de setembro de 2019

SINFONIA!

 Desce a noite, lenta e fria,
Na pequena vila, que o sopé do morro, escondia,
Cada porta que se fechava, uma família acolhia,
Que aconchegada, ao fogo da lareira, se aquecia...

A neve cai, como flocos de algodão,
Seu farfalhar é leve, sobre a vegetação,
A luz fraca, que escapa, de alguma janela,
Ilumina pequenos trechos, da paisagem, tão bela...

É nessa simplicidade, que a vida continua,
Como toda noite, esperam o som, que virá da rua,
Aos poucos se eleva, se espalha, suave no ar,
Em silêncio ouvem, quem faz, o violino chorar...

No íntimo sentem, que atrás, de uma daquelas portas,
Alguém pranteia, profundas saudades, mortas,
Pois, notas tão tristes, só consegue, das cordas tirar,
Quem teve um amor, que partiu... Não vai mais voltar...

      Lani (ZilaniCelia)




sábado, 17 de agosto de 2019

INQUIETUDE!



Estranhamente, distorcem-se, as imagens,
Não mais entendo o conteúdo, das mensagens,
Estão meus olhos, espontaneamente cegos,
Há um embate, entre o claro e os pontos negros...

O sol está mais forte, e ora queima como fogo,
Sem ter limites, sem dar à brisa, arrego,
Arranca a pele, expõe o osso,
Finge chorar, sabe que tem, da noite endosso...

A pedra joga-se, do cume, de um morro alto,
Balança louca, ao sabor do forte vento,
Despenca inteira, no íntimo sabendo,
Espatifar-se junto, ao que a estiver detendo...

Inquieta e tensa, o suor me cobre o rosto,
Minha cabeça gira, no coração, mais um desgosto,
Fica impossível, manter no peito a calma,
Se, a sombra encobre a luz, a dor... Dói mais... Na alma...


         Lani (Zilani Celia)

sexta-feira, 19 de julho de 2019

“Pelo aniversário do Tiago, dia 20 de julho, eu, teu pai, teus irmãos e sobrinhos, desejamos de coração, que Deus e a Virgem Maria abençoem teu caminho e que nele só haja amor, luz e flores”.

    


MEU MENINO GRANDE !

De coração amoroso, gigante,
Quando fomos um só, foi instante,
Aconchegado em meu colo, confiante,
Foste meu, filho querido, dali em diante...

Eu tenho a chave, posso voltar o tempo,
Guardo as imagens, gravadas, dentro do peito,
Cada lágrima derramada, cada momento,
No relicário, do meu pensamento...

Assim como a vida une, também distancia,
Mas, há algo maior a ditar, cada linha,
Escritas no livro, de nosso destino,
Que serão lidas, no final, de cada caminho...

Quando meus braços, não mais te alcançarem, criança,
Mesmo que a voz embargue, em minha garganta,
Com meu pensamento, rogarei por ti, à Virgem Maria...
Que nunca negou, o que uma mãe, por seu filho pedia...

  Lani (Zilani Celia)

terça-feira, 2 de julho de 2019

DISCREPÂNCIA!




É meu o caminho que vejo á frente,
Desviei tantas vezes, saí pela tangente,
Rodei mundo, finquei bandeiras, fui indiferente,
Mas, algo para ele me empurrava, sempre...

Não queria seguir, nem sequer era bonito,
Tantas placas em branco, nenhum nome lá escrito,
Silencioso, ermo e frio, assim eu o sentia,
Nenhuma criança brincando, na rua vazia...

Por descuido, um dia, nele adentrei,
Coincidência, discrepância da vida, não sei,
Resisti, queria voltar, era tarde demais,
O que eu vivera, não retornaria jamais...

Endireitei o corpo, minha perna tremia,
Fui me despindo, dos medos que sentia,
Algo em mim se modificava, enquanto seguia,
O caminho era lindo... Nele havia, tudo que eu queria...

        Lani (Zilani Celia)

sexta-feira, 31 de maio de 2019

UTOPIA!


 Quero que só olhes e sem tocar, me sintas,
Como o pintor, com a bela flor que pinta,
De imaginários traços, surjam, minhas curvas,
E me desnudes, ao frescor da cor da tinta...

Quero que na penumbra, cries meu retrato,
É o desafio, que nesta noite faço,
Meu perfume te será, inspiração,
Suarás frio, ao roçar, de leve minha mão...

Quero ver, ao pintares, o meu colo,
Um arrepio percorrer-te, poro a poro,
E, ao surgir na tela, meu esboço,
Em teus olhos gravado, o contorno, do meu corpo...

Quero que sucumbas, ante tua obra prima,
Que chores, ao ver-me exposta, naquela galeria,
Me deixaste ali, sem pensar, quant’eu valia,
Com o mesmo véu, que ontem me cobria,
E, a um toque teu, sem pudor, aos meus pés... Caia...

    Lani (Zilani Celia)

quinta-feira, 25 de abril de 2019

CHAMAMENTO!

Vagando sem rumo, nesta noite triste,
Ouvi alguém chamar meu nome, insistente,
Reconheci tua voz, e, por um instante,
A esperança, apossou-se de mim, novamente...

Atordoada e sem certezas, o peito apertado,
Em minha cabeça, reverberando ainda, teu chamado,
Sim, era tua a voz, que eu estava ouvindo,
Só não sabia, se era o agora, ou, o passado vindo...

Chuva forte e impiedosa, meu corpo, todo molhado,
O vento, soprando como louco, era dela, aliado,
Pessoas correndo, para todos os lados,
E eu ali, meus pés, no asfalto, colados...

Foi neste mesmo lugar, que dilaceraste meu coração,
Quem sabe voltaste!  Agarrei-me a esta ilusão,
Cerrei meus olhos, implorando, ajoelhada ao chão...
Ouvindo ao longe, a Ave Maria... No velho carrilhão...

    Lani  (Zilani Celia)

segunda-feira, 1 de abril de 2019

FOLHA SOLTA!



Emprestou-me a noite, laivos de sua loucura,
Encorajada, joguei-me nessa aventura,  
Pouco vejo, mesmo assim, saio a procura,
De mim, num turbilhão, que minha mente tortura...

Das feridas, era meu, o sangue que corria,
A dor lancinante era eu, quem a sentia,
Do peito aberto, meu coração, louco fugia,
Cansado de bater, num corpo, que se destruía...

Deixei-me arrastar, em profunda letargia,
Só, no escuro, sem perceber, que amanhecia,
Por tanto sofrer, encontrei o que queria,
Mesmo doendo, sentir, que ainda vivia...

Sou folha solta, num vendaval de árdua luta,
Sem mais elos, sem prisão e sem censura,
Cada vez que a vida, me carrega, para a rua,
Sinto o sol, o vento e... Nenhuma... Saudade tua...

         Lani (Zilani Celia)

sexta-feira, 8 de março de 2019

FILHA DO VENTO!


 Já andei, em desertos pela vida,
Sobrevivi, na imensidão e na secura,
Arrastei-me veloz, por vezes lenta,
Sufoquei muitos gritos, na garganta...

Nas noites, em que o frio, me torturava,
O corpo todo doía, encarangava,
Minh’alma, no escuro se refugiava,
Mas, me fazia seguir, quando o dia, clareava...

E assim segui, em jornadas sucessivas,
De solidão e amargura, eram meus dias,
Ao me aventurar, em alto mar, singrar em ondas,
Revivi, em águas claras e profundas...

Com escárnio, olho a terra, que me quis cativa,
Agora voo alto, sou dona da minha vida,
Atravesso oceanos, sou forte... Sou advento,
Sou irmã do sol... Sou livre... Sou filha do vento...

Lani (Zilani Celia)   






sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

VALEI-ME TEMPO!



Porque célere de mim te vais,
Não mais me ouves, nem te chegam os meus ais,
Já não me abraças, nem me acalentas mais,
Com as garras me marcaste, não se apagarão, jamais...

Tempo, contra mim conspiras, de forma cruel e injusta,
Não me dás trégua, não te importa minha luta,
Onde quer que me esconda, teimas em me encontrar,
Quanto mais choro, mais meu rosto queres sulcar...

Anoitece a vida, clareia um grande espelho,
Me obrigas a nele fitar-me, por inteiro,
Veja, por meu rosto escorrem lágrimas, de verdade,
Meu corpo curvaste mas, não me tiraste a dignidade...

Baixo o olhar, ao ver-te, por mim passar,
Sou a mesma menina, que costumava te encantar,  
Meu peito geme baixinho, pois, hoje irás me deixar,
Está doendo tanto que, de tanto doer... Vai me matar...


        Lani( Zilani Celia)

domingo, 27 de janeiro de 2019

TODAS AS DORES!



Foram subidas íngremes e penosas,
Descidas sem rumo, dolorosas,
Que me deram, a noção verdadeira,
Das cicatrizes, que me marcaram, inteira...

Nas noites, a solidão, me consumia,
Escondida, esperava clarear o dia,
Que meu sofrer, era d’alma, eu sabia,
Portanto curá-lo, só o tempo o faria...

Sei que meu coração, é hoje um moribundo,
Tem marcadas nele, todas as dores do mundo,
Semimorta, com vida p’ra só mais, um segundo,
Descobri forças e fui buscá-las, no final do mundo...

Agora, a cada pedra em falso, que novamente pisar,
Mesmo ainda em desequilíbrio, vou acreditar,
Que com isso, mais perto de mim, vou estar,
E mais forte e mais longe, desta vez... Vou chegar...

         Lani (Zilani Celia)

domingo, 6 de janeiro de 2019

É VERÃO!

 Serenou o vento, transformou-se em brisa,
Deslocou-se lento, retardando a despedida,
Terminou um ciclo, já outro se inicia,
Sabe que é hora, de sol, calor e alegria...

A tempestade é agora, chuva mansa,
Cai leve, rega a flor, trás esperança,
Completa o rio e cumpre seu destino,
Desfaz-se em lágrimas e chora, o próprio desatino...

O mar, sabendo-se gigante, garboso se engalana,
Deita-se na areia, que feliz nada reclama,
Fustigada pelo sol, se entrega, á forte onda,
E deixa-se lamber, como, em orgia profana...

A noite, escura e quente, conquista uma estrela,
Rouba-lhe o lume e o lança, como tocha, acesa,
Combina com a lua, ficar nua, retirar seu véu,
E brilhar tanto, clareando cada canto...  Do azul do céu...

      Lani   (Zilani Celia)