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Recanto das letras

sábado, 22 de abril de 2017

ALHEAMENTO!


Escapam-me pelos dedos, como grãos de areia,
Pensamentos emaranhados, como fina teia,
São restos, migalhas, pedaços de mim,
De pobres histórias, Sem começo nem fim...

Em alguns momentos, está tudo ali,
Em outros, só o vazio, de tudo esqueci,
Se tive amor, se amei, abstraí,
Se fiz alguém sofrer, nem me arrependi...

Se pudesse escolher, queria lembrar,
Sofrer por sentir, seria voltar,
Reconhecer-me no espelho e por isso chorar,
E saber que sou eu, quem está a me olhar...

Cada fábula contada, foi por mim, encenada,
Agora, sem roteiro a seguir, sem plateia, nem nada,
No teatro vazio, permaneço sentada,
E a odisseia, que aplaudo, calada e sozinha...
É, minha vida... Que, sem lembranças, definha...


    Lani ( Zilani Celia)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

LÁGRIMA ABENÇOADA!


Correu montanha abaixo, dos olhos rolou,
A terra seca regou, a fertilizou,
A flor brotou, o caminho enfeitou,
A bebeu o passarinho, a mata verdejou...

Com a água, do manso rio, se misturou,
Mesmo podendo salgá-lo, o adocicou,
Foi ás profundezas e de lá voltou,
Fortalecida, muita sede matou...

Sob a chuva santa, se batizou,
Com o menino da rua, ela brincou,
Fez-se o chá, que o doente tomou,
E o sorriso que já morria, ressuscitou...

Rejuvenesceu o rosto, que antes sulcou,
A dor que a originou, erradicou,
O coração que por amor sofria, ela salvou,
Foi a lágrima, que... Jesus... Chorou...


Lani (Zilani Celia)