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Recanto das letras

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

O SILENCIAR DAS PALAVRAS!

Cala-se a voz, no semblante a brancura,
A garganta dói, ao raspar-lhe a palavra,
Não disse nada e ninguém nunca soube,
Quão linda seria, sua, última frase...

Com os olhos fechados a trancafiava,
Queria dizê-la, mas estava grudada,
Agitava os braços, ela não se movia,
Gritava em silêncio... E a voz, não lhe saia...

Com os olhos, pedia, - Não desapareça,
Queria sentir-te, falar - Não me esqueça,
Gritar por um nome, não o conseguia,
Um ronco, tão triste... E a voz, já não saia...

Tentou dizer tudo, ouviu-se um gemido,
Não era palavra, só, um triste grunhido,
Doeu tão profundo, que a alma o sentia,
Corriam as lágrimas... E a voz... Não mais saia...


   Lani  (Zilani Celia)

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

VENTO!

             Vento, impõe sobre mim, tua força,
Se pedir pr’a parares não me ouça,
Arrasta-me para o alto da minha esperança,
Onde a dor, por mais que queira, não me alcança...

Deixa-me rodopiar em tuas asas, como bailarina,
Confiante soltar-te a mão, como o fazia em menina,
Brincar nas estrelas, pular amarelinha,
E aconchegar-me a ti, quando chegar a noitinha...

Quero voar contigo, meu amigo, irmão,
Livrar-me das amarras, que me prendem ao chão,
E, ao rompermos juntos, a barreira da razão,
Restar-nos, intacto e livre, um só coração...

Vento, entrego-me a ti, aqui e agora,
Se tiver de mais sofrer, jogue, minha chave fora,
Ao sabor de teu sopro, meu corpo descansa,
Liberto, renovado... Repleto de esperança...


    Lani (Zilani Celia)

sábado, 21 de outubro de 2017

PARA SEMPRE!

Quebrei minhas regras e me entreguei,
Abaixei a guarda e me apaixonei,
Com olhos cegos que só a ti viam, te fitei,
Mesmo com eles secos, na noite te chorei...

Meu corpo, quase morto, se enrosca no teu,
Que inerte, junto ao meu permaneceu,                       
Meu coração infeliz, sentiu que te perdeu,
Quando teu olhar, afastou-se do meu...

Sei que é a última vez, tento dar–te um abraço,
Sinto tua rigidez, no leve carinho, que te faço,
Finges dormir, minhas lágrimas disfarço,
Lentamente saio e bato a porta, de nosso quarto...

Como entraste em minha vida, agora sais,
Sem a mínima cerimônia, de mim te vais,
Atrás de ti, ficam os ecos de meus ais,
E tristes dias, que serão... Para sempre, iguais...


    Lani (Zilani Celia)

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PELAS ESTRADAS DO MUNDO!



O asfalto abre-se, a tua frente,
Brilha no fim da tarde, indiferente,
O vento interpõe-se, ao teu avanço,
E açoita-te, implacavelmente, o rosto...

Teus cabelos lançam-se, no vazio,
Como loucos, entrelaçam-se, fio a fio,
Entregam-se, ao frenesi, da velocidade,
E ao tempo, com pressa e intensidade...

Rasga o silêncio, o ronco forte do motor,
Potente, ela finge que geme, de dor,
O horizonte, com seu manto multicolorido,
Abre os braços e te recebe em seu abrigo...

Quando a noite cai, te envolve a solidão,
A seguras forte, ouves teu coração,
Teu corpo e a moto azul, por um segundo,
Fundem-se a correr... Pelas estradas do mundo...


   Lani (Zilani Celia)
            Parabenizo meu filho Alessandro, pela passagem de seu aniversário,
 escrevi este texto para homenageá-lo já que seu hob é sua moto azul e com 
ela viaja pelo mundo. Seja feliz  filho e que as estradas da vida estejam sempre 
abertas para te receber com um grande abraço. Bjs



sexta-feira, 22 de setembro de 2017

REMINISCÊNCIA!

O céu está cinza, cai a chuva lá fora,
À mente reporto, lembranças de outrora,
Revejo o momento, em que fui embora,
Era jovem, só queria, buscar minha história...

Pelo retrovisor, vi minha mãe, em pé na calçada,
Sua roupa molhada, em seu corpo colada,
Pareceu-me tão só, tão desamparada,
Em seu rosto sulcado, eu via, uma lágrima...

Acelerei, mesmo triste, fui saindo,
Certa de que o tempo, para tudo, é lenitivo,
Mesmo assim, toda a vez que ali, eu retornava,
A via sofrer, mas, ela nada me falava...

Hoje entendo, pois é meu, o filho que se vai,
É meu o coração, que de dor se abre, se esvai,
Sou eu agora, na porta de nossa casa...
E, como minha mãe, choro... Sozinha e calada...



     Lani (Zilani Celia)

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

FÉ!


Foi um tempo em que o sol não existia,
Era escuro, nenhuma flor, havia,
Não se via, para onde a estrada ia,
Nem tampouco, quem ficava ou quem seguia...

Lá, era o suspiro mais profundo que saía,
O relógio não parava, mais corria,
Mesmo grande, a esperança, se esvaia,
A reza, parecia, que Deus não a ouvia...

O rumo fora perdido, eu já sabia,
A dor doía forte, para quem a sentia,
A mão, era tão fraca, que do leito pendia,
Nos olhos, a lágrima parava, não mais corria...

Porém, um grito forte, meu peito quase explodia,
Minha fé se fortalecia, o milagre, acontecia,
A luz pela janela entrava em teu corpo incidia,
Um anjo te afagava o rosto... E para mim... Sorria...


   Lani ( Zilani Celia)

         Queridos amigos, estive fora da internet por bastante tempo,
pois estava com doença em minha família e como agora posso
tranquilamente lhes dizer que tudo passou, volto a visita-los, talvez
não como gostaria e sempre fiz, retribuindo as visitas rapidamente
mas, podem estar certos que irei a cada um, agradecer por não
haverem esquecido de mim.
         Um grande abraço de todo o coração.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

NATUREZA SILENTE!

 
A noite cai, a mata antes verdejante,
Cobre-se com um manto de estrelas, cintilante,
Abriga-se, do vento frio, congelante,
Que entre as árvores, corre livre, faz corrente...

No caminho escuro, que só a lua ilumina,
Desce o orvalho, em imaculada cortina,
O medo se instala, a mente delira,
A fera se amansa e lambe, a nova cria...

A flor se recolhe, em sua delicadeza,
Protege suas pétalas, de tão rara beleza,
A língua do inseto, insensível, a tortura,
Tentando arrancar-lhe, do seio, a seiva pura...

E quando tudo se faz único, silente,
Da terra surgem seres, brota a semente,
E o que parecia ser morto, de repente,
Enche-se de vida...  E nasce novamente...

    Lani (Zilani Celia)




terça-feira, 20 de junho de 2017

FRAGILIDADE!

 
Até ontem estavas ali, tão linda, oh, flor,
Transpiravas saúde, beleza e cor,
Hoje, ao passar te vejo, jogada ao chão,
Inerte, esquecida, tendo ao lado um botão...

Quando, este belo jardim, ainda enfeitavas,
Mãos, em tua direção iam, inocente pensavas,
Que a intenção seria, somente, acarinhar-te,
Jamais, extirpar-te a vida, sem dó nem piedade...

Resististe bravamente, ao frio que te congelava,
A noite, pelo vento forte, foste fustigada,
Tuas pétalas pendem, a imagem, me é dolorosa,
E, de meus olhos corre, uma furtiva, lágrima...

Ao ver-te assim, tão bela, no estertor da morte,
Sei, que se esvai de ti, a pouca vida que tiveste,
Recosto-te em meu peito, tentando aquecer-te,
Mas, é tarde e só um carinho... Posso fazer-te...


    Lani ( Zilani Celia)

segunda-feira, 5 de junho de 2017

VÁ EMBORA SAUDADE!

Toda vez que de mim se aproxima,
O faz sorrateira,
É dor sem fim, meu corpo castiga,
Me destrói por inteira...

Em meus sonhos, sem dó sapateia,
De meu sofrer, ri zombeteira,
Meus olhos fecha, maldita, cegueira,
Que me condena a ser, de ti, prisioneira...

Tento fugir, de seu jugo covarde,
Fingida, meu sofrer pranteia,
Me deixo abater, já é muito tarde,
É minha algoz e triste parceira...

Quando anoitece, sem dó me tortura,
É madrugada, ela ainda em mim continua,
Minhas lágrimas correm, se perdem na rua,
Vá embora saudade, deixa-me aqui... Só, com a lua...


     Lani (Zilani Celia)





segunda-feira, 22 de maio de 2017

ALMA DE POETA!

 
Ah, poeta!
Há quem te chame louco,
Demonstras teu sofrer, com um, gemido rouco,
E quando a poesia, se aninha, em teu regaço,
Dela ficas cativo, nada mais, que um escravo...

Se é de amor a inspiração, a ela te entregas,
De tua boca brotam, as mais belas palavras,
Compões e quando enfim, ao final chegas,
Apaixonado, de sentimentos, já transbordas...

Porém, se a tristeza, te for, imposição,
No fundo do peito, sentirás a dimensão,
Da dor, que acometerá todo teu ser,
A cada poema,  que na manhã vires nascer...

Ah, poeta!
És capaz, do próprio réquiem, compor,
De chorar por dentro, escondendo a própria dor,
De sorrir, ao ver, tão descomposta a alma,
E fazer outro verso... Quando a lágrima, o apaga...


  Lani (Zilani Celia)

quinta-feira, 11 de maio de 2017

MÃE!


Hoje, é um dia como outro qualquer,
Para homenagear, uma simples mulher,
Que nada tem de princesa ou rainha,
Mas, é uma mágica, que tudo adivinha...

Ela é apenas aquela, que na noite acarinha,
Se a febre acomete, o jovem ou a criancinha,
Que na manhã seguinte, olha o filho serena,
E o abraça cansada, sentindo-se, feliz, plena...

Ao vermos uma flor, a comparamos contigo,
Na figura da fada, reconhecemos teu vestido,
Da heroína do conto, percebemos tua coragem,
E quando falas, sabemos ser, de um anjo, a mensagem...

Deves ser uma santa, que Deus colocou na terra,
Para teu filho, tens a forma de amor mais sincera,
Por ele consegues, esquecer-se de ti mesma,
És criação divina... Mãe! És coisa da natureza...

     Minhas amigas mamães, sintam-se todas abraçadas
e tenham um dia abençoado, junto aos filhos e família.


 Lnai (Zilani Celia)

sábado, 22 de abril de 2017

ALHEAMENTO!


Escapam-me pelos dedos, como grãos de areia,
Pensamentos emaranhados, como fina teia,
São restos, migalhas, pedaços de mim,
De pobres histórias, Sem começo nem fim...

Em alguns momentos, está tudo ali,
Em outros, só o vazio, de tudo esqueci,
Se tive amor, se amei, abstraí,
Se fiz alguém sofrer, nem me arrependi...

Se pudesse escolher, queria lembrar,
Sofrer por sentir, seria voltar,
Reconhecer-me no espelho e por isso chorar,
E saber que sou eu, quem está a me olhar...

Cada fábula contada, foi por mim, encenada,
Agora, sem roteiro a seguir, sem plateia, nem nada,
No teatro vazio, permaneço sentada,
E a odisseia, que aplaudo, calada e sozinha...
É, minha vida... Que, sem lembranças, definha...


    Lani ( Zilani Celia)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

LÁGRIMA ABENÇOADA!


Correu montanha abaixo, dos olhos rolou,
A terra seca regou, a fertilizou,
A flor brotou, o caminho enfeitou,
A bebeu o passarinho, a mata verdejou...

Com a água, do manso rio, se misturou,
Mesmo podendo salgá-lo, o adocicou,
Foi ás profundezas e de lá voltou,
Fortalecida, muita sede matou...

Sob a chuva santa, se batizou,
Com o menino da rua, ela brincou,
Fez-se o chá, que o doente tomou,
E o sorriso que já morria, ressuscitou...

Rejuvenesceu o rosto, que antes sulcou,
A dor que a originou, erradicou,
O coração que por amor sofria, ela salvou,
Foi a lágrima, que... Jesus... Chorou...


Lani (Zilani Celia)

domingo, 26 de março de 2017

CORAÇÃO EXILADO!

Vi, quando arrancaste, o coração do peito,
Sangrava desolado, sem saber direito,
Qual crime, fora a ele imputado,
Se, a acusação seria, a de muito ter amado...

O julgaste e condenaste, a pena foi o exílio,
Não ouviste seus rogos, lhe negaste auxílio,
Rolou, por sarjetas sujas, solitário,
Por longo tempo, padeceu nesse calvário...

Já nada mais esperava, sofria em agonia,
Nesta noite chuvosa, a solidão mais lhe doía,
Como em sonho, teu chamado, ao longe ouvia,
E tua mão, o retirava da lama, o acolhia...

-Voltaste! Exclamou o coração choroso,
Prometo, não mais amar, errado de novo,
- A dor curou-me, aprendi por tanto sofrer,
Que, só vale a pena... Quando é mútuo o querer...


      Lani (Zilani Celia)

quinta-feira, 9 de março de 2017

ESTRADA SOLIDÃO!


Sou estrada, que cruza sem parar a vida,
Indo e voltando sem paz, sem guarida,
Sei que a vontade de Deus é sagrada,
Me fez caminho, comprido, sem parada...

Sigo em frente, vou em todas as direções,
Corto montanhas, atravesso pontilhões,
Em mim nascem sonhos, unem-se corações,
Acolho o devoto, conduzo procissões...

Sou da terra a veia, onde o sangue pulsa,
Fui a ferida rasgada, que não cicatriza,
A poeira me cobre, o silêncio me machuca,
Acolho a flor, que arrancada, murcha...

Quando noite, fico vazia, solitária,
Deixo a pressa morrer, visto a mortalha,
Num cortejo fúnebre, Inicio uma triste travessia,
E, ao clarear o dia, novamente... Só sou... Rodovia...


       Lani (Zilani Celia)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A CIGANA!

A noite cai a lua a enfeita,
Tudo é magia, na pequena praça,
A fogueira arde, o ritual começa,
A música soa a movimentação é frenética...

Num clarão ela surge, ar de princesa,
No pescoço o colar, da legítima deusa,
Contorce o corpo, na folclórica dança,
O fogo a reflete e sua imagem, a luz agiganta...

No espaço, muita gente, não só de seu povo,
Sente um olhar sombrio, enrubesce o rosto,
Da pupila inquieta, que maquina, arquiteta,
Pressente a maldade e com arrepios, seu corpo reage...

É madrugada, quando à tenda se recolhe,
Ante o perigo clama, por sua protetora, entidade,
Levanta a voz, numa fervorosa prece,
E proteção, a grande mãe, ela pede...

Ele atirara-se sobre ela, já no estertor da morte,
Não entende como, de suas mãos a cigana some,
Ainda vê, sobre a cama, uma flor exangue,
E um pequeno punhal... Coberto de sangue...


    Lani (Zilani Celia)

domingo, 8 de janeiro de 2017

A CANÇÃO DA VIDA!

Nasce com cada um, como um hino,
Forte, cada estrofe, canta o menino,
Apenas palavras, em seu desafino,
As repete, em seu viver genuíno...

O jovem encontra o amor, deslumbrado,
Faz poesia, inventa palavras, apaixonado,
Perde o sono, sonha no escuro, encantado,
Compõe uma estrofe e queda-se, cansado...

O homem maduro, canta seus feitos,
É dono do mundo, não tem defeitos,
Constrói sua história, meticuloso,
Quer contá-la a todos, de si, orgulhoso...

Quando o tempo nos toma, absoluto,
Trás maturidade, calma e também o luto,
A lágrima rola, a canção é cantada baixinho,
A saudade é doída... Cumpriu-se, nosso destino...



    Lani  (Zilani Celia)