A cada espetáculo de circo que vejo, volto no tempo e uma grande emoção de mim toma conta.
É um encantamento! A música, as luzes, a corda bamba, o globo da morte, lá no alto o trapezista... É inebriante! Coisas que me reportam ao tempo de infância.
Aplaudo, olhos brilhando, emocionada como qualquer criança.
Mesmo encantada com o que vejo, uma figura me chama a atenção. Lá, do outro lado do picadeiro, num canto, sentado no chão, tendo nos braços um cãozinho, vejo um palhaço, rosto ainda pintado. Mesmo assim, noto lágrimas correndo.
- Porque choras? Se há pouco estavas lá no picadeiro, ri muito contigo e teu amiguinho?
- Eu consigo entender que tudo acabou, mas ele, o cachorrinho, quer lá voltar, não sabe que terminou.
- Mas como, se lá tem um palhaço, e o cão é igualzinho a este?
- Aqueles são os novos, respondeu-me.
E completou: - Eu e meu cãozinho envelhecemos, paramos, mas ao ouvir os gritos das crianças, a nossa música e os aplausos, ele quer no picadeiro voltar e tenho de segurá-lo. Por isto choro. Ele não sabe que acabamos de fazer nosso último espetáculo!
Lani
muito bom não perco nenhum conto,marta
ResponderExcluirA adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas.
ResponderExcluirADOREI!
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