Na calada da noite, envolvida pelo silêncio absoluto, corpo em frangalhos, coração despedaçado, só ouve os próprios soluços.
Sua cabeça martelando, o tempo lentamente passando, seu peito arfando, e ela revivendo aquele momento, que não lhe sai do pensamento.
Pensou em sua vida, sangrou a ferida, como ha tanto tempo fazia, noite após noite, numa autopunição atroz, sem trégua, sem piedade, sem guarida.
O estampido em seus ouvidos ainda zunia, ele em sua frente, no chão, morria, a seus pés, como sempre sonhara vê-lo, por ela sofrendo, mas que fosse por amor.
Quando o sangue jorrou, sobre ele se atirou e pedindo perdão, implorou.
Seu último suspiro foi em seus braços.
Sua cabeça descansou em seu regaço.
Suas mãos entre as suas colocou.
Seus olhos rasos de lágrimas, ele também chorou...
Esta imagem não lhe sai do pensamento.
Porque ele chorou naquele momento?
Ela o viu, estava com outra, ele até a beijou.
E sem pensar, num impulso, cega de ciúmes, atirou...
Dele, não mais ouvirá a verdade, mas em seus olhos se apagando, sentiu sinceridade.
Agora, nada mais importa, nunca terá a resposta, e por isto está lá, neste arremedo de vida, trancada, atrás daquela porta.
Só o que lhe resta, é pensar em seus beijos, carinhos e abraços, olhos abertos, cansados, sem forças, no escuro, sabe que dali não sairá, que este na verdade será seu túmulo.
O sol, não é mais para ela, porque em sua extrema loucura, quem mais nesta vida amou... Matou!
Lani